LUANDA, 2 de Junho de 2023 — Angola pretende acelerar a diversificação económica, o investimento privado e o emprego, criando condições de negócio mais favoráveis para as micro, pequenas e médias empresas (MPME), com o apoio do Banco Mundial. Aprovado no final da semana passada pelo Conselho de Administração do Grupo Banco Mundial, o Projecto de Aceleração da Diversificação Económica e da Criação de Emprego, no valor de 300 milhões de dólares, beneficiará cerca de 12.000 empresas, criando empregos directos e indirectos em resultado das actividades do projecto, e ajudará Angola a fazer a transição de um modelo de desenvolvimento impulsionado pelo petróleo e pelo Estado para um modelo liderado pelo sector privado que seja também inclusivo e resistente às alterações climáticas.
Não obstante o crescimento económico de Angola ter acelerado no ano passado para cerca de 3,1 %, graças ao aumento das receitas petrolíferas e à melhoria da gestão económica, cerca de um terço dos 34 milhões de habitantes de Angola vive com menos de 2,15 dólares por dia (paridade do poder de compra de 2017), o que corresponde a 11,7 milhões de pessoas em 2023. A economia angolana não cria empregos suficientes para uma mão-de-obra jovem e em crescimento, e o emprego informal é elevado. As mulheres estão em desvantagem: em comparação com os homens, elas desenvolvem menos actividades remuneradas (18% contra 31%) e auferem metade do salário.
"Este projecto irá desenvolver a agenda de reformas do governo e estabelecer bases sólidas para um crescimento diversificado que crie mais e melhores empregos remunerados, particularmente para as mulheres e os jovens", disse Juan Carlos Alvarez, Director do Banco Mundial para Angola e São Tomé e Príncipe. "Ajudará o Ministério da Economia e Planeamento no seu intento de impulsionar um crescimento sustentável e inclusivo, facilitando o investimento e o comércio, melhorando o acesso a infra-estruturas produtivas e alargando o acesso a financiamento e tecnologias, incluindo capacidades digitais e de gestão."
O projecto visa aumentar o investimento privado e o crescimento resiliente ao clima das MPMEs em cadeias de valor não petrolíferas, particularmente no corredor do Lobito, que tem o potencial de desempenhar um papel central na diversificação e transformação económica de Angola. O corredor, servido pela linha ferroviária de Benguela, estende-se por 1.344 quilómetros desde o porto do Lobito até ao Luau, na fronteira com a República Democrática do Congo (RDC), e atravessa quatro províncias (Benguela, Huambo, Bié e Moxico) que albergam 8 milhões de pessoas ou 25% da população de Angola. Estas quatro províncias são zonas agrícolas importantes, com cadeias de valor nos sectores dos cereais (milho, soja, trigo e arroz), tubérculos, feijão, legumes e frutas.
O governo planeia estabelecer parcerias com o sector privado, desenvolver ligações entre os agentes económicos ao longo do corredor e desenvolver infra-estruturas produtivas para criar cadeias de valor. A expansão da actividade económica no corredor do Lobito oferece uma oportunidade para desenvolver serviços de logística de qualidade que beneficiem os agronegócios e ajudem a reduzir as perdas pós-colheita, melhorando a segurança alimentar e nutricional.