MAPUTO, 4 de Março de 2021 — Espera-se que a economia de Moçambique se recupere gradualmente a partir de 2021, mas permanecem riscos substanciais devido à incerteza em torno da trajetória da pandemia de COVID-19 (coronavírus). Embora a economia tenha registado sua primeira contração em 2020 em quase três décadas, comprometendo os ganhos de desenvolvimento duramente conquistados, o crescimento deverá se recuperar no médio prazo, atingindo cerca de 4% em 2022.
Publicada hoje, a 6ª edição do relatório do Banco Mundial Atualização Económica de Moçambique: Preparando a Recuperação, assinala que a pandemia COVID-19 atingiu a economia de Moçambique quando ela procurava recuperar-se da crise da dívida e dos ciclones tropicais de 2019. Estima-se que o Produto Interno Bruto (PIB) do país tenha diminuído em 1.3 por cento em 2020, em comparação com uma estimativa pré COVID-19 de 4,3 por cento, à medida que a demanda agregada caiu e as medidas necessárias para conter o vírus interromperam as cadeias de abastecimento. No entanto, o relatório observa, as perdas de empregos e o encerramento de empresas, embora significativos, foram comparativamente menores do que em outros países.
“Apesar dos esforços combinados para conter sua disseminação e mitigar seus efeitos, COVID-19 continua a afetar adversamente famílias e empresas, atrasando o progresso do país em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, observou Idah Z. Pswarayi-Riddihough, Diretora do Banco Mundial para Moçambique, Madagáscar, Maurícias, Seicheles e Comores. “Os pobres urbanos, a maioria dos quais envolvidos no setor informal, estão entre os mais atingidos. Embora o impacto seja significativo em todas as áreas, as pequenas empresas são as mais afetadas, principalmente as da região norte, que atualmente enfrentam os efeitos da insurgência armada.”
O relatório reconhece que o governo tomou medidas sanitárias rápidas, consideradas bem-sucedidas em manter reduzidas as contaminações e as mortes durante a primeira vaga. Além disso, as autoridades promulgaram políticas fiscais e monetárias robustas destinadas a proteger as empresas e os mais vulneráveis. Entre elas, o Banco de Moçambique promulgou medidas de estímulo, incluindo o corte da taxa de política monetária e a adoção de políticas destinadas a garantir a estabilidade do setor financeiro. Outro apoio crucial incluiu linhas de crédito bonificadas para aliviar as empresas das dificuldades financeiras. Os bancos comerciais também tomaram medidas para reestruturar os empréstimos existentes, estendendo o período de maturidade e períodos de carência. Várias outras medidas fiscais foram tomadas para aliviar as pequenas empresas e negócios. O relatório encoraja o fortalecimento dessas medidas para enfrentar os efeitos da segunda onda do vírus e apoiar uma recuperação econômica resiliente.
“Certamente o apoio contínuo às famílias e às empresas viáveis continua sendo essencial para uma recuperação resiliente”, observou Fiseha Haile, Economista Sênior do Banco Mundial e principal autora do relatório. Somando-se a isso, no curto prazo, será fundamental continuar a dar apoio aos mais pobres e os mais vulneráveis por meio de programas de proteção social. “Estender o apoio as empresas, condicionando-o à proteção dos empregos, pode ajudar a minimizar despedimentos e a perda da capacidade produtiva,” afirmou.
O relatório conclui sublinhando a necessidade de levar avante a agenda de reformas estruturais à medida que a pandemia diminui. Na fase de recuperação, as políticas voltadas para o apoio à transformação econômica e à criação de empregos, especialmente para os jovens, serão críticas. Intervenções direcionadas para apoiar as mulheres e aliviar as desigualdades de gênero, bem como para aproveitar o poder da tecnologia móvel, apoiariam o crescimento sustentável e inclusivo a médio prazo.