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REPORTAGEM22 de janeiro de 2024

Mais Competências, Melhores Empregos: Ensino Técnico-profissional Para os Jovens Moçambicanos

A Aurora Miranda é uma jovem com uma missão: conectar as casas da sua comunidade à rede eléctrica.

Quando ingressou no curso de Electricidade Industrial do Instituto Médio Salesiano de Inharrime, na província de Inhambane, Centro de Moçambique, a Aurora tinha pouco mais do que conhecimentos gerais e uma vaga ideia sobre o que fazer no futuro. Através do curso, ela adquiriu competências práticas para se tornar electricista e hoje planeia trabalhar por conta própria.

Quero resolver problemas na minha comunidade, como manter sistemas eléctricos e conectar casas à rede”, diz Aurora. “ Aprendi que posso gerir o meu próprio negócio!”

A Aurora está entre os mais de 43.000 estudantes que beneficiam de um novo currículo baseado em competências que está a transformar o sistema de Ensino Técnico-profissional de Moçambique, com o apoio do fundo do Banco Mundial para os mais pobres, a Associação Internacional de Desenvolvimento. O novo currículo ajuda os alunos a adquirir as competências práticas necessárias para os seus empregos. Também ensina os jovens a resolver problemas e a desenvolver uma boa ética de trabalho. Este currículo concentra-se no que os alunos sabem fazer, como resolvem problemas e como se comportam, pois estas são as exigências do mercado de trabalho actual.

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Alunos do curso de mecânica aprendem a operar equipamentos no Instituto Industrial e de Computação Armando Emílio Guebuza (IICAEG), em Maputo, Moçambique. Foto: IICAEG

Treinar os formadores para capacitar a próxima geração

Moçambique enfrenta o desafio premente de dotar a sua população jovem e em rápido crescimento com educação de qualidade e competências técnicas. Com meio milhão de jovens a entrar no mercado de trabalho todos os anos – na sua maioria, com competências limitadas – há uma necessidade urgente de lhes proporcionar a formação necessária para que tenham acesso a bons empregos e salários. Mais de 70% dos moçambicanos actualmente trabalham na agricultura ou em empregos familiares não remunerados. A economia e o mercado de trabalho do país necessitam de mais profissionais com conhecimentos especializados e competências técnicas, nomeadamente em áreas como Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.

Para colmatar esta lacuna de competências, Moçambique tem trabalhado com o apoio do Banco Mundial e de parceiros de desenvolvimento para profissionalizar os seus educadores. O objectivo é melhorar o ensino e as competências práticas para colmatar a lacuna entre as competências exigidas pelo mercado de trabalho e aquelas possuídas pela juventude do país.

“O grande impacto [do novo currículo] é proporcionar aos alunos competências práticas que lhes permitam trabalhar por conta própria e ter sucesso no mercado de trabalho”, afirma Celso Rafael, Professor de Gestão Empresarial e Gestor do Instituto Industrial e Comercial Estrela do Mar, na Província de Inhambane.

“Nós moldamos vidas,” diz o Professor Celso. “Contribuimos para mudar as pessoas, as famílias e o país, e isso não tem preço”, acrescenta.

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Infographic illustrating Mozambique’s progress in mainstreaming the competency-based training (CBT) methodology in technical and vocational education and training.

Melhorar todo o sistema

Para realizar uma mudança sistémica, o país precisava de mais formadores em instituições de ensino superior formados no currículo baseado em competências, para garantir que houvesse instituições acreditadas suficientes capazes de fornecer esta formação. O Projecto de Melhoramento do Desenvolvimento de Competências em Moçambique (MozSkills) está a ajudar a alcançar este objectivo.

O MozSkills contribui para melhorar a qualidade do ensino superior e técnico-profissional, formando mais professores e gestores no novo currículo, com um forte enfoque em competências práticas e disciplinas como Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática. O projecto já formou 66 formadores em metodologias de ensino baseado em competências e permitiu a acreditação de dez instituições de ensino superior para continuar a formação de professores e gestores de ensino técnico-profissional, permitindo-lhes alcançar a certificação profissional e potencialmente aumentar o seu impacto.

“A formação de gestores e formadores desafiou-nos a mudar da avaliação dos alunos com base em exames escritos para uma abordagem baseada em competências que avalia o conhecimento, o desempenho e a produtividade dos alunos”, disse o Dr. Nhampossa, Coordenador do Centro de Formação Técnico-Profissional da Universidade Save, uma das dez instituições acreditadas.

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Estudantes do curso de mecânica praticam as suas competências no Instituto Industrial e de Computação Armando Emílio Guebuza (IICAEG), em Maputo, Moçambique. Foto: IICAEG

Melhores competências para melhores empregos

Ivan Massango, um jovem do centro de Moçambique, sempre quis ser um construtor profissional, mas não tinha as competências necessárias para tal. “Por isso, matriculei-me no curso de Construção Civil para adquirir as competências práticas de que necessitava para ganhar autonomia”, diz ele. Para o Ivan, a formação profissional é a base do sucesso, pois ensina teoria e prática. “Eu não tinha competências quando entrei. Hoje, tenho uma visão e um plano. Formei uma equipa de seis construtores qualificados para trabalhar comigo.”

O novo currículo promove a melhoria das competências para o auto-emprego e motiva professores e gestores a ministrar formação de qualidade. O resultado é o sucesso dos formandos nos seus novos trabalhos e a criação de auto-emprego.

“Todos os dias formo futuros trabalhadores que chegam sem experiência e se tornam excelentes profissionais. Como professor, é gratificante mandar um aluno para estagiar numa empresa e saber que a empresa o contratou, e isso acontece com frequência”, afirma Celso.

Agora, ensinamos como fazer, como ser e como estar. Quando os professores se sentem confiantes no que ensinam, eles oferecem formação de alta qualidade. O resultado são técnicos altamente qualificados para abastecer o nosso mercado de trabalho”, afirma Telma Inácio, que lecciona o curso de Mecânica no Instituto Industrial e de Computação de Maputo.

Mais professores, com melhor formação, significa que os jovens estarão melhor preparados com as competências necessárias para aceder a melhores empregos e salários. Até à data, 1.806 professores receberam certificação profissional em formação baseada em competências e 400 funcionários (formadores e gestores de escolas de ensino técnico-profissional) concluíram a certificação em gestão. Mais de 1.000 professores estão actualmente em formação. Até ao final do projecto, em Dezembro de 2025, Moçambique terá mais de 3.000 professores prontos para construir uma geração qualificada e capaz. Cerca de 43.000 estudantes beneficiam agora de ensino de alta qualidade ministrado por estes formadores, com um aumento no número de matrículas de mulheres e raparigas – uma prioridade fundamental para o projecto.

"Precisamos de dizer às meninas que a formação profissional não é apenas para homens. As mulheres podem fazer tudo e tudo é possível!" acrescenta Aurora.

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