Em algum momento você fez um curso e sentiu que não aprendeu? Se a resposta for “sim”, imagine multiplicar essa sensação por muitos anos. Pense também que, daquele conhecimento nunca aprendido, dependem as suas chances de melhorar de vida. Como você se sente?
As sensações de fracasso e impotência, entre outras, acompanham milhões de estudantes de países em desenvolvimento que não sabem ler, escrever ou fazer uma operação de aritmética, mesmo após vários anos de escolarização. Além de nascerem em desvantagem devido à pobreza, ao gênero ou a uma deficiência, eles chegam à idade adulta sem as aptidões mais básicas para a vida.
Alguns dados do mais recente Relatório de Desenvolvimento Global (WDR 2018, na sigla em inglês), do Banco Mundial, revelam as disparidades que existem entre os estudantes ricos e pobres de um mesmo país e entre esses mesmos alunos e os de uma economia desenvolvida. Estas são algumas das principais conclusões:
- Existe uma crise global de aprendizagem. Estudar sem aprender é uma grande injustiça, pois prejudica sobretudo os estudantes que precisam de uma boa educação para ter sucesso na vida.
- A Base de Dados Mundial sobre Qualidade da Educação, atualizada recentemente, sugere que nos países de renda média e baixa, mais de 60% das crianças avaliadas não conseguiram alcançar habilidades mínimas em matemática e leitura. Já nos ricos, quase todas as crianças ultrapassaram esse nível.
- As estatísticas não levam em conta 260 milhões de crianças que, por motivo de conflito, discriminação, deficiência e outros obstáculos não estão matriculadas no ensino fundamental ou médio.
Segundo o documento, a crise global de aprendizagem não apenas impede esses jovens de terem salários maiores – de 9% a 11%, no caso da América Latina e Caribe (veja o gráfico) –, mas também aprofunda as diferenças entre ricos e pobres.