Tarde em Teresina. Enquanto lá fora há calor e barulho, nas salas de aula do Senac Piauí, as centenas de alunos desfrutam de silêncio e do frescor do ar-condicionado. Muitos são atendidos pelo programa Bolsa Família, do governo federal.
Eles usam o benefício e programas complementares de qualificação para garantir um futuro melhor. “Sonho ir além, estudar, ter uma boa profissão”, diz Tamires Rodrigues, 17 anos. Ela e os colegas fazem bem, e por dois motivos.
Primeiro: o trabalho foi o maior responsável pela redução da extrema pobreza no Brasil na primeira década dos anos 2000. O dado é do Relatório de Desenvolvimento Global 2013 (i).
“Para que a redução de pobreza ocorra de forma sustentada, é crucial promover o acesso dos mais pobres a cursos de qualificação profissional, a serviços de intermediação de mão-de-obra e ao microcrédito”, reforça a economista Joana Silva, do Banco Mundial.
Ao conjunto de tais elementos dá-se o nome de inclusão produtiva. Ela, por sua vez, representa um dos eixos do plano Brasil Sem Miséria (2011), cuja meta é tirar 16 milhões de brasileiros da extrema pobreza até 2014.
Empregos precários
O segundo motivo pelo qual os jovens de baixa renda precisam apostar em formação profissional tem a ver com a precariedade dos empregos hoje conquistados por quem recebe o Bolsa Família.
Enquanto o mercado de trabalho no Brasil torna-se cada vez mais formal, o acesso dessas pessoas a tais empregos ainda é limitado, como mostra um estudo do pesquisador Alexandre Leichsering, da Universidade de São Paulo (USP).
Entre 2004 e 2007, apenas cerca de 10% dos beneficiários do programa Bolsa Família obtiveram em algum momento um trabalho formal. Desse total, metade perdeu esse vínculo um ano depois de assumir o posto.