REPORTAGEM

Combate à corrupção: uso de mídias sociais inspira jovens brasileiros

9 de novembro de 2012


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O terceiro Fórum Global Jovem Anticorrupção, em Brasília, mostrou projetos que podem ser replicados em várias partes do mundo.

Mariana Ceratti / World Bank

DESTAQUES DO ARTIGO
  • Novos projetos usam ferramentas online para promover transparência e mobilizar os jovens contra a corrupção nos governos.
  • O terceiro Fórum Global Jovem Anticorrupção, em Brasília, mostrou histórias de sucesso em todo o mundo.
  • Ao lado do Conselho Britânico, o Banco Mundial apóia 15 projetos globais anticorrupção.

Nicole Verillo, 24 anos, de Ribeirão Bonito (São Paulo), ainda era pequena quando, em 1992, milhares de brasileiros saíram às ruas para pedir o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. “Vejo vídeos da época e me pergunto o que poderia ser feito para mobilizar os jovens daquele jeito”, conta a moça, que se tornou ativista anticorrupção em 2003.

Ela ganhou novo fôlego ao ouvir histórias de jovens que usaram o Facebook e o Twitter para promover a Primavera Árabe. “Podemos usar fotos, vídeos e panfletos virtuais para informar o público, organizar protestos e encontrar voluntários, assim como as pessoas de lá fizeram. Os brasileiros usam muito o Facebook, e ele pode ajudar a mobilizar pessoas que, de outra forma, não se interessariam pelo tema.”

Nicole – que esteve entre os 250 participantes do Fórum Global Anticorrupção (GYAC) (i) nesta semana, em Brasília – teve a oportunidade de interagir com os ativistas online que ajudaram a promover a mudança de regime no Egito. O evento ressaltou a importância dos jovens na batalha global contra a corrupção – uma luta cada vez mais criativa, conectada e motivada.

Rede de mobilização

Em países tão diferentes quanto as Filipinas, o Paraguai e o Egito, os jovens usam suas habilidades digitais para informar e inspirar. Eles monitoram a qualidade dos serviços públicos por meio de ferramentas interativas, disponibilizam informações oficiais em linguagem fácil e se organizam via Facebook e Twitter.

“Os jovens têm muita facilidade em usar as mídias sociais para conscientizar, conectar-se com o resto do mundo e trocar ideias”, comenta Boris Weber, especialista em governança no Banco Mundial.

O evento mostrou iniciativas capazes de inspirar novos projetos em todo o mundo. Nas Filipinas, por exemplo, um site interativo – Checkmyschool.org – permite aos estudantes contestar os dados oficiais por meio do Facebook, do Twitter e de mensagens de texto (SMS).

“Se você olhar as estatísticas, vai saber que cada vez mais jovens estão online”, diz o ativista filipino Marlon Cornelio, 27 anos, do Checkmyschool.org.


" Os brasileiros usam muito o Facebook, e ele pode ajudar a mobilizar pessoas que, de outra forma, não se interessariam pelo tema da corrupção  "

Nicole Verillo

Ativista anticorrupção, Brasil

Hora de agir

Em todo o mundo, o Banco Mundial e o Conselho Britânico apóiam 15 projetos juvenis anticorrupção com doações de US$ 3 mil. Um deles é o Transparency Talks, no Paraguai. O país ficou em 154º lugar no ranking de Percepção da Corrupção, da Transparência Internacional.

Por meio do projeto, um manual anticorrupção do Banco Mundial foi adaptado e distribuído (em formato de CD-ROM) a estudantes em três cidades. Com a publicação, lançada em janeiro, os alunos podem descobrir casos de corrupção e agir. “Escolhemos usar CDs porque, em geral, as escolas paraguaias ainda são pouco conectadas”, conta o ativista David Riveros, 21 anos.

Na escola onde ele estudou, os alunos conseguiram denunciar e derrubar um diretor envolvido em um escândalo de corrupção. “Foi um dos melhores resultados que tivemos até agora. A juventude precisa muito de líderes honestos e bons exemplos.”

 


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