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Publicação4 de novembro de 2024

Guiné-Bissau: Relatório sobre o Clima e o Desenvolvimento do País

Guiné-Bissau: Relatório sobre o Clima e o Desenvolvimento do País

DESTAQUES DO ARTIGO

  • A Guiné-Bissau tem o maior capital natural per capita da África Ocidental, mas enfrenta obstáculos significativos ao desenvolvimento, tais como elevadas taxas de pobreza, instabilidade política e desafios económicos, incluindo uma dependência excessiva da castanha de caju e uma das mais baixas taxas de acesso à eletricidade na região.
  • As alterações climáticas representam uma ameaça grave, com potencial impacto na agricultura, nas pescas e nas infraestruturas. Sem adaptação, poderão conduzir a um aumento da pobreza.
  • A boa governação, a estabilidade política e um clima empresarial favorável são fundamentais para reforçar a resistência às alterações climáticas e promover o desenvolvimento sustentável.

A Guiné-Bissau é dotada de uma enorme riqueza de recursos naturais, possuindo o capital natural per capita mais elevado da África Ocidental, o que poderia ser aproveitado para um crescimento sustentável e resiliente. No entanto, o país ainda enfrenta obstáculos significativos ao desenvolvimento, tais como elevadas taxas de pobreza, instabilidade política e desafios económicos, incluindo uma dependência excessiva da castanha de caju. A pobreza rural aumentou e as infraestruturas, a educação e os sistemas de saúde estão subdesenvolvidos. O país tem também uma das taxas de acesso à eletricidade mais baixas da região.

As alterações climáticas representam uma grave ameaça para a Guiné-Bissau, afetando já as comunidades vulneráveis que vivem em zonas costeiras baixas, as que dependem da agricultura e das pescas e o já limitado sistema de infraestruturas do país. Sem adaptação, poderá conduzir a uma redução significativa do PIB real per capita (menos 7,3% até 2050) e a um aumento da pobreza (com mais 200 000 pobres adicionais até 2050).

A Contribuição Nacional Determinada define ações climáticas significativas, com iniciativas centradas na conservação das florestas, na agricultura sustentável e no desenvolvimento comunitário. No entanto, estes compromissos climáticos dependem em grande medida de financiamento externo. O subdesenvolvimento do setor financeiro e a vulnerabilidade a choques externos limitam a sua capacidade de apoiar investimentos ecológicos, embora as reformas possam aumentar a resiliência.

Governação, a estabilidade e um ambiente empresarial favorável são fundamentais

O Relatório sobre o Clima e o Desenvolvimento do País (CCDR) para a Guiné-Bissau apresenta um quadro estratégico para alinhar os objetivos de desenvolvimento com o combate às alterações climáticas. Este alinhamento é crucial para promover transformações setoriais positivas e mitigar os efeitos negativos das alterações climáticas.

De acordo com o Relatório, o reforço dos sistemas institucionais e financeiros é crucial para promover a resiliência climática e o desenvolvimento sustentável na Guiné-Bissau. A boa governação, a estabilidade política e um ambiente empresarial favorável são essenciais para a trajetória de crescimento sustentável do país.

Fazer face à vulnerabilidade climática exige uma abordagem integrada, que combine melhorias na governação, diversificação económica, preservação do capital natural, desenvolvimento do capital humano e investimentos sustentáveis na agricultura e nas infraestruturas.

As prioridades imediatas identificadas no CCDR para os próximos três anos envolvem a adoção de práticas agrícolas inteligentes do ponto de vista climático para aumentar a produtividade, salvaguardando simultaneamente os recursos hídricos e terrestres, regenerando e protegendo as florestas, aumentando o acesso à energia e reforçando as capacidades humanas e os sistemas de conhecimento. Estas iniciativas foram concebidas para proporcionar benefícios imediatos às populações vulneráveis e conservar os recursos naturais.

É também crucial dar prioridade a atividades que capitalizem o robusto mercado informal, a legitimidade das autoridades tradicionais e a eficácia das abordagens orientadas para a comunidade, que podem trazer benefícios a longo prazo e reduzir os riscos climáticos. Tais atividades podem abranger a conservação das florestas liderada pela comunidade, o fornecimento de energia renovável fora da rede, serviços descentralizados, métodos cooperativos para acrescentar valor à produção de castanha de caju e estratégias de desenvolvimento lideradas pela comunidade para a gestão da água, agricultura e serviços sociais.

A ação climática não só é compatível, como também está totalmente interligada com os objetivos de desenvolvimento. A melhor adaptação para a Guiné-Bissau é um elevado desenvolvimento socioeconómico, uma vez que os países prósperos e em rápido crescimento estarão mais bem posicionados para se protegerem dos efeitos mais nocivos das alterações climáticas.  A estratégia climática deve ser revista regularmente para avaliar a sua eficácia e adaptar a abordagem conforme necessário, garantindo que continua a servir os melhores interesses da economia da Guiné-Bissau e do seu povo.

Leia e descarregue o relatório aqui.

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Os Relatórios sobre o Clima e o Desenvolvimento do País (CCDR) do Grupo Banco Mundial são um diagnóstico fundamental que integra as alterações climáticas e o desenvolvimento. Ajudam os países a dar prioridade às ações com maior impacto que podem reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e aumentar a adaptação e a resiliência, enquanto cumprem objetivos de desenvolvimento mais amplos. Os relatórios sugerem ações concretas e prioritárias para apoiar a transição de baixo carbono e resiliente. Enquanto documentos públicos, os CCDR têm como objetivo informar os governos, os cidadãos, o setor privado e os parceiros de desenvolvimento e permitir o envolvimento na agenda do desenvolvimento e do clima.