Em Moçambique, os Agentes Polivalentes de Saúde (APS) são o primeiro ponto de contacto da comunidade com o Sistema Nacional de Saúde. Eles prestam cuidados de saúde primários e sensibilizam as comunidades sobre nutrição e prevenção de doenças em áreas urbanas e remotas. Entre 2018 e 2022, Moçambique aumentou exponencialmente o número de APSs, de 1.000 em 2018 para 8.300 em 2022. Juntos, estes agentes de saúde comunitários chegam a cerca de dois milhões de agregados familiares em todo o país, quatro vezes mais do que em 2018.
“ Eu caminhava cerca de duas horas para chegar ao posto de saúde mais próximo ou gastava muito dinheiro em transporte sempre que alguém na minha família precisava de atendimento. Agora, a não ser que seja um assunto grave, o APS vem até a nossa casa e presta os cuidados que precisamos,” diz Matola Mourana, de 38 anos, residente no Distrito de Moamba, Província de Maputo. Ela também aprendeu a preparar a comida dos seus filhos de uma forma mais nutritiva com a ajuda de um APS: “Agora sei como tornar a mandioca mais nutritiva combinando-a cpm folhas verdes ou leite de côco.
Matola também descreveu como o APS a ajudou no planeamento familiar. “ Graças ao APS, recebi contraceptivos e parei pelos dois filhos.”
8,300 health workers
Mozambique exponentially increased the number of community health workers, from 1,000 in 2018 to 8,300 in 2022.
Desafio
Moçambique fez grandes progressos na redução das taxas de mortalidade e na melhoria do acesso aos cuidados de saúde primários nas últimas duas décadas. Contudo, os resultados de saúde e a eficiência das despesas do país não acompanharam este progresso. Para as pessoas que vivem nas zonas rurais e para os mais pobres, mulheres, raparigas adolescentes e crianças, os cuidados de saúde de qualidade ainda são insuficientes e difíceis de alcançar, expondo as desigualdades do sistema de saúde entre géneros e regiões geográficas.
Além disso, as infra-estruturas de saúde são limitadas e a formação e supervisão dos APS precisam de ser melhoradas. Em 2015, mais de metade das mortes estavam associadas a doenças transmissíveis, maternas, neonatais e nutricionais. A malária ainda contribui para mais de um terço das mortes entre crianças. O atraso no crescimento é prevalente, afectando mais de uma em cada três crianças com menos de cinco anos, e a falta de acesso a água potável e saneamento é generalizada.
Abordagem
Para aumentar a cobertura e a qualidade dos cuidados de saúde primários em Moçambique, o Banco Mundial e parceiros têm vindo a apoiar o Ministério da Saúde nas últimas duas décadas para expandir e fortalecer a rede de APSs. O Programa de Fortalecimento dos Cuidados de Saúde Primários do Banco Mundial contribuiu para este esforço no longo prazo, centrando-se na formação massiva de APSs para apoiar as comunidades que vivem em áreas urbanas e rurais em 10 das 11 províncias do país.
Os APSs são o primeiro ponto de contacto das famílias e comunidades com o Sistema Nacional de Saúde. Eles prestam cuidados de saúde primários através de visitas domiciliárias e reuniões comunitárias em zonas urbanas e de difícil acesso nas zonas rurais de Moçambique, evitando que as famílias viajem longas distâncias quando precisam de assistência. São também cruciais na promoção da saúde e no fornecimento de informações críticas através de workshops que realizam nas comunidades sobre nutrição, contracepção e prevenção de doenças comuns como a malária, a diarreia e a pneumonia. Eles trabalham a tempo parcial, recebendo uma pequena remuneração.
A formação de novos profissionais de saúde tem evoluído para satisfazer as necessidades das comunidades e inclui a integração de medidas de prevenção da COVID-19 e de um Pacote de Intervenção Nutricional.
Foto: Henriques Chianica/N’weti
Resultados
Através deste programa, Moçambique expandiu significativamente a cobertura de cuidados de saúde primários.
Moçambique aumentou o número de APSs formados e activos, de 1.000 em 2018 para 8.300 em 2022.
O acesso das comunidades aos cuidados de saúde primários quadruplicou, de quase 240.000 agregados familiares em 2018 para cerca de dois milhões em 2022. O aumento do número de APSs formados e activos traduz-se em mais visitas domiciliárias e reuniões comunitárias sobre temas ligados à saúde.
Entre os 8.300 agentes comunitários de saúde formados, 5.300 também receberam formação num pacote de intervenções nutricionais, beneficiando mais de 134.000 crianças dos 0 aos 24 meses, ou mais.
Contribuição do Banco Mundial
O projecto foi financiado por uma doação de $80 milhões da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA), com $25 milhões adicionais cofinanciados pelo Mecanismo de Financiamento Global (GFF), $82,5 milhões do Canadá e dos Países Baixos, $8,7 milhões do Reino Unido (FCDO) e $7 milhões da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
Parceiros
O Programa de Fortalecimento dos Cuidados de Saúde Primários operacionaliza o Plano Estratégico de Saúde do Governo de Moçambique, liderado pelo Ministério da Saúde. Desde o início da implementação do programa, o Banco Mundial e os co-financiadores realizaram missões conjuntas de apoio para monitorizar o seu progresso e melhorar a sua implementação atempada e participativa.
Olhando para o futuro
Um novo programa em preparação irá alavancar as conquistas do Programa de Fortalecimento dos Cuidados de Saúde Primários, que termina em Dezembro de 2023. O programa continuará a expandir a rede de APSs de Moçambique e a melhorar os serviços prestados às comunidades através da formação massiva de agentes comunitários de saúde.
Palavras-chave
Cuidados de saúde primários, agentes polivalentes de saúde, APS, profissionais de saúde da linha da frente, nutrição, prevenção de doenças, sistema de saúde
This site uses cookies to optimize functionality and give you the best possible experience. If you continue to navigate this website beyond this page, cookies will be placed on your browser. To learn more about cookies, click here.