Presidente Knapp, Reitor Brown, ilustre corpo docente estudantes e convidados:
Muito agradeço a gentileza de me receberem aqui hoje. É para mim um privilégio estar aqui com vocês para falar sobre os desafios diante de nós no mundo – e como o Grupo Banco Mundial está trabalhando para ser o mais eficiente possível na melhoria da vida das pessoas pobres e vulneráveis.
Quando hoje olhamos para o mundo todo e quando pensamos nas questões mais importantes, a incerteza fiscal contínua nos Estados Unidos nos traz uma grande preocupação. Nossa esperança é que os formuladores de política resolvam essas questões o quanto antes. Essa incerteza, juntamente com outras fontes de volatilidade na economia global, poderia causar sério prejuízo aos mercados emergentes e aos países em desenvolvimento na África, Ásia e América Latina, os quais tiraram milhões de pessoas da pobreza nos últimos anos.
Também não podemos deixar de focar a reviravolta que está ocorrendo no Oriente Médio. A Síria está agora no 30º mês de guerra e o preço tem sido horrendo. Mais de 100.000 pessoas foram mortas, quatro milhões de pessoas foram deslocadas e outros dois milhões de sírios fugiram e tornaram-se refugiados em países vizinhos, aumentando o enorme ônus para a Jordânia e o Líbano em particular. A luta continua na Síria e o impacto de vidas desfeitas e economias destruídas apenas aumenta dia a dia.
Não devemos desviar o nosso olhar do Oriente Médio. O Grupo Banco Mundial vem desempenhando vários papéis importantes. Às vezes estamos nos bastidores com diplomatas e outras vezes estamos na linha de frente com trabalhadores de ajuda humanitária. Sempre estamos trabalhando com os governos ou empresas ou grupos da sociedade civil para ajudar a construir alicerces sólidos e sustentáveis para o desenvolvimento. Isso apoia a sobrevivência de milhões de pessoas no Oriente Médio e de outros bilhões no mundo inteiro que aspiram a bons empregos, boa educação e acesso a cuidados da saúde de qualidade.
Uma parte crítica de nosso trabalho concentra-se em países que emergem de conflito, afetados por conflito ou presos em uma situação persistente de fragilidade. Como todos sabemos muito bem, quando um país permanece muito tempo em situação de fragilidade, muitas vezes surge o conflito. O Grupo Banco Mundial e a comunidade global em geral precisam enfrentar as complexas mudanças institucionais e sociais nesses Estados frágeis, porque o custo da inação é alto e a recompensa de intervenções bem estruturadas é grande. Se tivermos a oportunidade de construir instituições, infraestrutura e capacidade humana em Estados frágeis ou se pudermos preparar um negócio que traga consigo o investimento do setor privado desesperadamente necessário, devemos agir. Quando não conseguimos ajudar os países a se desenvolverem de uma forma inclusiva ou quando não ajudamos os países a construírem uma governança sólida, somos todos afetados pelo resultado,que é com frequência um país mergulhado em chamas, como é o caso da Síria hoje.
Impulsores de conflitos
No Oriente Médio a maioria dos países experimentava um crescimento relativamente forte de 4% a 5% ao ano na década anterior à Primavera Árabe. No entanto graves problemas ocultavam-se abaixo da superfície. Uma classe média jovem cada vez mais culta estava frustrada com o fato de os poucos empregos disponíveis serem reservados para quem tinha mais conexões do que talento. O setor privado operava conseguindo privilégios do Estado, o que levou a uma forma de capitalismo clientelista que ajuda somente alguns, solapando exportações e empregos.
As desigualdades – e a fúria – atingiram até mesmo os mais jovens. Quando em 2011 milhões de pessoas afluíram à Praça Tahir no Cairo para protestar contra seu governo, os filhos dos manifestantes fizeram os próprios protestos nas salas de aula. Exigiam melhor instrução. Isso é o que acontece quando a prosperidade é reservada a alguns escolhidos. E todos os que ficam de fora sentem profundamente o ardor da desigualdade.
As crises constantes deixaram muitos países do Oriente Médio com um tríplice desafio. Primeiro, restaurar a estabilidade econômica; segundo, reformar a própria economia para atender às altas expectativas das pessoas que marcharam nas ruas; e terceiro, gerenciar a transição para novas constituições e eleições mais abertas, contestadas e multipartidárias. Esses desafios seriam intimidantes para qualquer país. Mas todos eles se congregaram em uma única região. Isso torna aina mais importante que a comunidade internacional reúna seus recursos para apoiar esses bravos homens e mulheres que arriscaram a vida ao exigirem a dignidade humana fundamental a eles devida.
Isso também torna importante hoje ajudar a Jordânia e o Líbano. Há alguns meses o Banco Mundial proporcionou à Jordânia US$ 150 milhões em ajuda de emergência e acabamos de concluir uma avaliação abrangente do impacto e necessidades econômicos e sociais do Líbano, segundo a qual este país perdeu bilhões de dólares em consequência da guerra na Síria.
O Líbano abriga agora mais de 760.000 refugiados sírios, o que pode ser comparável aos 56 milhões de refugiados que entram nos Estados Unidos, 45 milhões dos quais entraram somente em janeiro deste ano. Pensem no distúrbio. Na semana passada eu participei de uma reunião do Grupo de Apoio Internacional durante a Assembleia Geral das Nações Unidas. Os doadores prometeram fundos para o país, mas precisamos fazer muito mais, caso contrário correremos o risco de uma catástrofe no Líbano.
Nossas duas metas
Apenas há seis meses nossa Diretoria Executiva endossou as duas metas do Grupo Banco Mundial: a primeira é erradicar a extrema pobreza até 2030; a segunda é impulsionar a prosperidade compartilhada mediante a promoção do crescimento real da renda para os 40% da população que estão na faixa inferior.
Como isso se relaciona com a situação no terreno no Oriente Médio e em outros países pobres? A meta de erradicação da pobreza têm méritos próprios como o fundamento moral de tudo o que fazemos. O fato de que mais de um bilhão de pessoas vive com menos de US$ 1,25 por dia em 2013 é uma mancha em nossa consciência moral. Devemos ajudar a tirar as pessoas da pobreza sem demora, sem preconceito, independentemente das circunstâncias e do local.
Nossa segunda meta de impulsionar a prosperidade compartilhada é mais complexa, mas relevante para o mundo inteiro. Os protestos durante a Primavera Árabe e os mais recentes na Turquia, Brasil e África do Sul têm raízes no desejo universal de participar da classe média global.
Hoje os líderes do mundo inteiro compreendem que impulsionar a prosperidade compartilhada para os 40% da população que estão na faixa inferior torna-se cada vez mais crítico para assegurar a estabilidade. Grande parte do descontentamento costumava ferver por baixo da superfície. Mas a mídia social criou uma enorme “classe média virtual”, como a chamou Thomas Friedman, a qual continuará a golpear – até colocar abaixo – a porta da oportunidade.
A lição é a seguinte: devemos dispensar muito mais atenção se o crescimento atinge toda a população e não apenas a elite. Uma forma de conseguir isso é olhar além do crescimento global do PIB. Precisamos monitorar diretamente o aumento da renda dos 40% da população que estão na faixa inferior. O progresso econômico deve ser ambiental e financeiramente sustentável durante gerações.
Portanto, como a renda dos menos favorecidos pode aumentar de forma contínua? Há mais de um caminho para a prosperidade compartilhada. Um deles é por meio de oportunidades econômicas, impulsionadas por um crescimento econômico maior. Outro caminho é um contrato social estável que enfoca o aumento dos padrões de vida dos pobres e desfavorecidos. Ambos os caminhos podem conduzir a melhores oportunidades para os cidadãos, se as sociedades se puderem tornar mais dinâmicas e mais produtivas com mais espaço para a mobilidade social. Atingir a nossa primeira meta – erradicar a extrema pobreza até 2030 – não será somente histórica. Será extraordinariamente difícil. Segundo estimativas de nossos economistas, hoje o número de pessoas pobres gira em torno de um bilhão ou menos 150 milhões de pessoas com relação a 2010.
Estamos progredindo, mas nada é garantido neste combate e será muito mais difícil quanto mais nos aproximarmos da meta. O crescimento global pode ser mais lento do que as tendências históricas. Desastres motivados pela mudança climática podem reverter anos de desenvolvimento bem-sucedido. Os investidores podem tornar-se mais inconstantes. O financiamento de longo prazo para infraestrutura de grande necessidade – que já é escasso – pode secar. No Grupo Banco Mundial nossas duas metas obrigam-nos a produzir resultados para as pessoas. Como disse Martin Luther King, nossas metas devem ser “passar do papel fino para ação real”. O que faremos – todos nós – para transformarmos nossos planos em ação real para erradicar a pobreza?
Estratégia do Grupo Banco Mundial
Nossa resposta é a seguinte: pela primeira vez temos uma estratégia que reunirá todo o Grupo Banco Mundial – o Banco Mundial como tal, que trabalha com governos; a IFC, nosso ramo do setor privado; e a Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA) que proporciona seguros contra riscos políticos. Esse documento foi publicado há alguns dias. Até então não tínhamos definido uma estratégia que nos oferecesse um roteiro abrangente para orientar todas as partes de nossa instituição ao redor de metas e princípios comuns.
Por que isso é importante? A burocracia às vezes opera de formas que afastam as pessoas umas das outras. Tende a criar áreas de influência fechadas ao redor de si mesmas, as quais se tornam abrigos ou silos bem guardados. Eu conheço um pouco acerca dos silos. Cresci em Iowa e lá estão em todas as partes. Esses silos de milho sobressaem por estarem completamente isolados, especialmente durante os longos invernos frios. Os silos desempenham uma função crítica nas plantações de milho de Iowa, mas não há lugar para eles no Grupo Banco Mundial.
Como nós – ou qualquer outra grande organização – podemos alcançar nossas mais altas aspirações de servir aos pobres se trabalharmos em vários silos? Precisamos conectar as mentes brilhantes de nossa instituição para que seu conhecimento experimental possa fluir livremente.
A estratégia do Grupo Banco Mundial baseia-se na convicção de que toda a organização trabalhará e em conjunto como um todo ininterrupto para alcançar as metas que nos inspiram. E sabemos que, para termos qualquer possibilidade de êxito, devemos ser seletivos – primeiro, devemos escolher nossas prioridades e depois abandonar as atividades para as quais não nos qualificamos.
O que vamos deixar de fazer? Não continuaremos a trabalhar nas áreas em que outros são melhores. Não participaremos de projetos com o propósito único de cumprir as metas de volume para o ano. Não empreendermos projetos simplesmente para fincar nossa bandeira no solo. E não toleraremos um comportamento que promova interesses individuais em oposição ao bem comum.
Quais são então os nossos princípios?
Asseguraremos que todas as nossas atividades enfoquem incansavelmente nossas duas metas.
Nós nos tornaremos melhores parceiros de outros para podermos em conjunto alcançar essas metas.
Seremos audaciosos.
Assumiremos riscos – riscos inteligentes.. Com isso quero dizer que investiremos em projetos que transformem o desenvolvimento de um país ou região – mesmo que isso signifique que possamos fracassar
Nós nos destacaremos em proporcionar soluções locais utilizando nossos conhecimentos globais e assegurando que estejam disponíveis aos países e empresas que dele necessitarem.
Tiraremos proveito de nossa vasta experiência na liderança de práticas globais de vanguarda em questões tais como educação, saúde, infraestrutura, energia e recursos hídricos.
Sempre procuraremos oportunidades para ajudar os países a investirem na própria população. Precisamos ajudar os países a se tornarem mais competitivos e uma forma poderosa de fazer isso é investir na educação, saúde e capacitação profissional de seus cidadãos.
E nos empenharemos em criar ferramentas financeiras inovadoras que possam abrir novas oportunidades de financiamento de longo prazo de que os países desesperadamente necessitam.
Tornando nossa estratégia uma realidade
Nossa estratégia propõe que nos tornemos um Banco de Soluções com resultados para as pessoas de baixa renda como nossa referência central. Três elementos da estratégia merecem destaque:
Primeiro, faremos parceria com o setor privado para usar sua experiência e capital no combate à pobreza. Isso reveste importância especial na criação de bons empregos para os pobres.
Segundo, aumentaremos nosso compromisso com Estados frágeis e afetados por conflitos, exigindo que sejamos mais audaciosos, corramos mais riscos e comprometamos mais recursos.
E terceiro, seremos o mais ambiciosos possível em questões de importância global, inclusive investindo em mulheres e meninas e combatendo a mudança climática. Nossa resposta à mudança climática, por exemplo, deve ser suficientemente corajosa para se igualar ao escopo do problema.
Geração de bons empregos
Quanto ao primeiro elementos, uma das prioridades mais altas do Grupo Banco Mundial será ajudar a criar empregos. Qual a forma mais eficaz de ajudarmos as regiões e países a se posicionarem para o crescimento liderado pelo setor privado? O escopo do desafio é intimidador – o mundo precisa criar 600 milhões de novos empregos na próxima década.
Um caminho crítico para os pobres saírem da pobreza é por meio de uma conexão aberta e transparente aos mercados local e global. Esse acesso pode liberar o potencial empresarial entre milhões de pessoas de baixa renda.
Por exemplo, a Ecom, um dos clientes da IFC, conecta produtores de cacau, café e algodão em mais de 30 países aos mercados globais. No ano passado a Ecom ajudou mais de 134.000 agricultores e milhares mais por meio de organizações de agricultores.
Estamos também expandindo nosso grupo de parceiros para incluir os que são pioneiros em novos modelos de negócios. Há apenas duas semanas eu me reuni com Jack Ma, fundador da Alibaba, empresa chinesa que, entre outras coisas, foi responsável pela entrega de 60% dos 8,8 bilhões de pacotes enviados por correio na China no ano passado. Ele me mostrou os seus sapatos de lona preta, fabricados por uma mulher em uma pequena aldeia da China. Alibaba conseguiu fazer os preços baixarem tanto que essa mulher pôde comercializar seus sapatos e enviá-los a qualquer parte da China a um preço melhor do que o das sapatarias locais. Em apenas alguns anos Alibaba promoveu a criação ou crescimento de mais de seis milhões de pequenas e médias empresas na China.
Este é um exemplo de um modelo de negócio transformacional. Mas há muitos ambientes dos quais Alibaba e outras empresas mantêm distância. Nós, no Banco Mundial servimos como assessores confiáveis do setor privado e com frequência isso significa que seremos os primeiros a nos aventurar em um ambiente arriscado a fim de que outros se sintam mais à vontade para investir. Sabemos que há vários trilhões de dólares gerenciados por fundos de riqueza soberana e por investidores institucionais; grande parte desse dinheiro está parado no banco de reservas de fundos de baixo desempenho. Assim trabalharemos ativamente para encontrar novos meios de atrair esses fundos privados aos projetos dos países em desenvolvimento. Um exemplo recente foi o nosso lançamento do Programa de Carteira de Coempréstimo Gerenciado na China. O Governo chinês concordou em investir US$ 3 bilhões, juntamente com a IFC; outros países estão expressando interesse em unir-se ao programa.
Uma prioridade no caso dos Estados frágeis
Este segundo exemplo de nossa estratégia inclui nosso compromisso de assumir riscos em alguns dos lugares mais atribulados do mundo: Estados frágeis e afetados por conflitos.
No início deste ano o Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon e eu viajamos à região dos Grandes Lagos da África para apoiar a Estrutura de Paz, Segurança e Cooperação, assinada por 11 países. Essa região permanece em situação de guerra há mais de duas décadas e os grupos rebeldes do leste do Congo começaram uma nova batalha alguns dias antes de nossa chegada. Mas duas horas antes de aterrissarmos em Goma os grupos tinham proposto cessar-fogo. Apesar da tensão, multidões de pessoas, na maior parte mulheres, ladeavam os caminhos da sede da ONU ao hospital local. Aplaudiam nosso comboio. Mas também erguiam bem alto cartazes que falavam do profundo trauma que estavam sofrendo. Nunca me esquecerei do cartaz de uma mulher. Dizia simplesmente: Ponham fim ao estupro. E ela tem razão.
Precisamos agir muito mais rapidamente, mais urgentemente, para levar dividendos da paz aos países que emergem de anos de conflito. Sabemos que não é possível haver desenvolvimento sem paz. Mas muitas vezes nos esquecemos de que a paz não será duradoura sem o desenvolvimento. Na região dos Grandes Lagos agimos rapidamente para reunir um pacote adicional de assistência de US$ 1 bilhão para ajudar a região. Pouco depois de nossa visita a Diretoria Executiva do Banco Mundial aprovou US$ 340 milhões para ajudar a financiar o projeto hidrelétrico nas correntezas das Quedas de Resumo para levar energia elétrica a milhões de pessoas.
Hoje eu me comprometo a aumentar significativamente o nosso apoio aos Estados frágeis e afetados por conflitos. Espero aumentar a parcela do financiamento principal da AID – o fundo do Banco Mundial para os mais pobres – aos Estados frágeis em cerca de 50% nos próximos três anos. A IFC, nosso ramo do setor privado, também se comprometerá a intensificar seu apoio aos Estados frágeis em 50% no curso dos próximos três anos.
O desafio da mudança climática
O terceiro e último exemplo de nossa estratégia está diretamente relacionado com a nossa meta de prosperidade compartilhada. Compartilhada significa não somente assegurar que as pessoas no estrato inferior façam parte do processo de crescimento, mas também que o crescimento não se concretize às custas das gerações futuras. Precisamos compartilhar o planeta e seus recursos com nossos filhos, netos e bisnetos e isso significa que devemos ter um plano audacioso para combater a mudança climática.
A mudança climática representa uma ameaça fundamental para o desenvolvimento em nossa vida. Tem o potencial de colocar a prosperidade fora do alcance de milhares de pessoas. Todas as regiões do mundo serão afetadas e as pessoas menos capazes de se adaptarem – os pobres e os mais vulneráveis – serão os mais atingidos. Para erradicarmos a extrema pobreza precisamos construir comunidades resilientes e mitigar os choques como desastres climáticos, de forma que os pobres possam obter ganhos em sua vida – e manter esses ganhos no longo prazo.
Enfrentar a mudança climática não é um esforço que os governos possam envidar sozinhos. Precisamos de uma resposta que reúna governos, setor privado, sociedade civil e indivíduos, seguindo um plano coordenado e ambicioso. Podemos ajudar de muitas formas, mas talvez a forma mais produtiva seja ressaltar os custos crescentes da mudança climática e mobilizar o financiamento climático proveniente dos setores público e privado.
Os custos econômicos de eventos climáticos extremos são impressionantes. Inundações em cidades do litoral custam hoje US$ 6 bilhões por ano, mas podem chegar a US$ 1 trilhão por ano em 2050. Investir US$ 50 bilhões por ano na proteção evitaria esses custos e liberaria US$ 950 bilhões por ano para investir em melhores escolas, hospitais e redes de segurança social.
Hoje estou comprometendo o Grupo Banco Mundial a direcionar uma parcela maior do nosso próprio financiamento para esse combate e também para colaborar com nossos parceiros interessados em trabalhar seriamente na solução deste problema.
A energia limpa é o nosso ponto de partida. Reuniremos conhecimentos, melhores práticas e apoio financeiro para os países abordarem os custos elevados e as barreiras das políticas com vistas à adoção de soluções de energia mais limpa. Estamos a caminho de concluir o mapeamento de recursos de energia renovável em pelo menos 10 países nos próximos três anos. Possibilitaremos reformas de subsídios de energia em pelo menos 12 países e trabalharemos com parceiros na criação de novos modelos de negócios de preparação de alimentos e iluminação que utilizem tecnologias de microrredes em rápido progresso. Eu também gostaria de ver pelo menos 10.000 megawatts de capacidade adicional instalada com nosso apoio direto em três anos – o equivalente a toda a capacidade instalada no Peru.
Conclusão
Podemos alcançar nossas metas de erradicar a pobreza, impulsionar a prosperidade compartilhada e dividir essa prosperidade com gerações futuras – mas somente se trabalharmos juntos com um sentido totalmente diferente de urgência. Como mencionei anteriormente, devemos construir um movimento social para erradicar a pobreza. Isso significa que precisamos da ajuda de todos vocês aqui presentes ou que estão assistindo à transmissão pela Internet ou que nos estão ouvindo por meio do Facebook ou Twitter.
Há apenas seis meses a Assembleia de Governadores do Grupo Banco Mundial lançou os fundamentos de um movimento social endossando as nossas duas metas e declarando que podemos erradicar a extrema pobreza até 2030. Agora estamos vendo que há interesse em todas as partes. Líderes políticos, incluindo o Presidente Obama e o Primeiro-Ministro do Reino Unido David Cameron, estão propondo a erradicação da pobreza. Líderes de grupos religiosos estão propondo a erradicação da pobreza. A One Campaign, Oxfam, Save the Children, RESULTS e muitos outros grupos da sociedade civil estão propondo a erradicação da pobreza. Líderes de grupos religiosos estão propondo a erradicação da pobreza.
Neste último fim de semana 60.000 pessoas reuniram-se no Grande Gramado do Central Park para assistirem ao Festival de Cidadãos Globais cuja meta comum foi pobreza zero até 2030. Peço a todos os presentes aqui hoje: unam-se a este movimento. Levem-no adiante. Há muitas coisas que todos podem fazer – e uma delas pode ser feita de onde estão sentados agora mesmo usando o próprio smartphone: basta fazer o login no website Global Poverty Project – www.zeropoverty2030.org, that’s www.zeropoverty2030.org – e assinar uma petição para erradicar a pobreza em uma geração. Digam aos líderes mundiais que se trata de uma questão de importância fundamental para vocês.
Nossas metas são claras no Grupo Banco Mundial. Erradicar a extrema pobreza até 2030. Impulsionar a prosperidade e assegurar que seja compartilhada com os 40% da população que estão na faixa inferior e com as gerações futuras. Temos uma oportunidade histórica para mudar o caminho da história e nos comprometermos a fazer alguma coisa que outras gerações apenas sonharam fazer. No concerto no Central Park eu chamei Nico, meu filho de quatro anos, para se unir a mim no palco. Foi uma forma de tornar tangível essa meta. Quando Nico tiver a minha altura e estiver no último ano da universidade como alguns de vocês, poderemos entregar a ele e seus colegas um mundo livre da extrema pobreza.
Esta é a questão moral premente de nosso tempo. Não podemos deixar que um bilhão de pessoas sofram na extrema pobreza quando dispomos das ferramentas e dos recursos para mudar a vida delas para melhor. Não podemos deixar que sejam negadas as oportunidades de emprego, saúde e educação aos 40% da população que estão na faixa inferior. Podemos fazer melhor. Precisamos fazer melhor, por Nico, por todas as crianças de quatro anos de idade do mundo inteiro e para todas as futuras gerações. Para solucionar alguns problemas como a mudança climática, o tempo urge. Mas para citar Martin Luther King novamente, sempre é chegada a hora de fazer o que é certo. Agora é a hora e nós somos o povo. Vamos fazer isso acontecer.
Muito obrigado.