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COMUNICADO À IMPRENSA29 de outubro de 2024

Excesso de oferta pode amenizar os efeitos da escalada dos conflitos no Oriente Médio sobre os preços do petróleo

Preços globais das commodities devem cair até 2026 devido à superprodução histórica de petróleo

WASHINGTON, 29 de outubro de 2024 — Em 2025, os preços globais de commodities devem atingir seu nível mais baixo em cinco anos devido a uma superprodução de petróleo que, de tão alta, provavelmente limitará os impactos da escalada dos conflitos no Oriente Médio sobre os preços. É isso que prevê o mais recente relatório Perspectivas dos Mercados de Commodities do Banco Mundial. Mesmo assim, os preços gerais das commodities permanecerão 30% acima dos valores praticados nos cinco anos anteriores à pandemia de Covid-19.

No próximo ano, a expectativa é que a oferta global de petróleo exceda a demanda numa média de 1,2 milhão de barris por dia — um volume excedente que só foi superado duas vezes na história: durante os lockdowns relacionados à pandemia em 2020 e na época do colapso dos preços do petróleo em 1998. O novo excesso de oferta reflete, em parte, a grande mudança verificada na China, onde a demanda por petróleo praticamente estagnou desde 2023 em meio a uma desaceleração da produção industrial e um aumento nas vendas de veículos elétricos e caminhões movidos a gás natural liquefeito (GNL). Além disso, há uma expectativa de que vários países que não integram o grupo formado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) aumentem sua produção de petróleo. A própria OPEP+ mantém uma capacidade excedente significativa, totalizando 7 milhões de barris por dia, quase o dobro do volume registrado às vésperas da pandemia em 2019.

De 2024 a 2026, os preços globais de commodities devem cair quase 10%. Os preços globais de alimentos devem cair 9% este ano e mais 4% em 2025, antes de se estabilizarem. Ainda assim, os preços dos alimentos ficariam quase 25% acima do nível médio de 2015 a 2019. Os preços da energia devem cair 6% em 2025 e 2% em 2026. A queda nos preços de alimentos e energia deve facilitar o controle da inflação pelos bancos centrais. No entanto, uma escalada nos conflitos armados poderia complicar esse processo, interrompendo o fornecimento de energia e aumentando os preços dos alimentos e da energia.

“A queda dos preços de commodities aliada a melhores condições de fornecimento podem constituir uma proteção contra choques geopolíticos”, disse Indermit Gill, economista-chefe e vice-presidente sênior do Grupo Banco Mundial. “Todavia, isso não será suficiente para aliviar os impactos negativos dos altos preços dos alimentos nos países em desenvolvimento, onde a inflação dos preços dos alimentos é o dobro da norma em economias avançadas. Os altos preços, conflitos, clima extremo e outros choques deixaram mais de 725 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar em 2024.”

Ao longo do último ano, o conflito no Oriente Médio resultou numa volatilidade significativa dos preços do petróleo, principalmente devido às preocupações de que a infraestrutura de petróleo e gás dos principais produtores de commodities poderia ser danificada se o conflito se intensificasse. Caso o conflito não se intensifique, o preço médio anual do petróleo Brent deve atingir, em 2025, seu valor mais baixo em quatro anos: US$ 73 (este ano, o barril está cotado a US$ 80).

No entanto, o relatório também avalia o que poderia acontecer se o conflito se intensificasse — especificamente, se levasse a uma redução de 2% no fornecimento global de petróleo, ou 2 milhões de barris por dia, até o final deste ano (algo semelhante ao que se verificou no contexto da Guerra Civil na Líbia em 2011 e da guerra no Iraque em 2003). Se uma disrupção semelhante ocorresse novamente, os preços do Brent registrariam um aumento inicial acentuado até um pico de US$ 92 o barril. No entanto, os produtores de petróleo não afetados pelo conflito poderiam responder rapidamente aos preços mais altos aumentando sua produção. Como resultado, o pico de preços poderia durar relativamente pouco, com uma média de US$ 84 o barril prevista para 2025. Isso ainda estaria 15% acima da previsão inicial para 2025, mas apenas 5% acima da média de 2024.

“A boa notícia é que a economia global parece estar muito mais bem preparada que antes para lidar com um choque de petróleo tão significativo," disse Ayhan Kose, economista-chefe adjunto do Grupo Banco Mundial e diretor do Grupo de Perspectivas. “Isso oferece oportunidades raras aos formuladores de políticas públicas das economias em desenvolvimento: em primeiro lugar, a queda nos preços de commodities pode constituir um complemento útil à política monetária e ajudar a trazer a inflação de volta às metas; em segundo lugar, os formuladores de políticas públicas têm uma janela de oportunidade para reduzir os altos subsídios oferecidos aos combustíveis fósseis.”

O preço médio do ouro — uma escolha popular entre investidores que buscam um “porto seguro” — deve atingir um recorde este ano, subindo 21% acima da média de 2023. O ouro goza de um status especial entre os ativos, e seu preço costuma aumentar durante períodos de incerteza geopolítica e política, incluindo no contexto de conflitos armados. Nos próximos dois anos, a expectativa é que os preços do ouro permaneçam 80% acima da média dos cinco anos anteriores à pandemia de Covid-19, caindo apenas ligeiramente. O preço dos metais industriais deve permanecer estável em 2025–2026, já que a desaceleração do setor imobiliário da China é compensada pelas condições de oferta restrita e pela crescente demanda por certos metais como resultado da transição energética. No entanto, um crescimento acima do esperado na China pode resultar em volatilidade nos mercados de metais.

Uma seção de destaque do relatório examina o porquê da aparente sincronia das variações globais nos preços de commodities durante e após a pandemia. O relatório constata que os preços de commodities se moveram de forma alinhada durante o período de 2020 a 2023 devido às repercussões econômicas globais da pandemia, bem como a choques em grande escala com impactos específicos sobre as commodities, como, por exemplo, a invasão da Ucrânia pela Rússia. Aumentos sincronizados de preços tendem a aumentar a inflação global e a reduzir o crescimento econômico. Ao longo do último ano, os movimentos de preços tornaram-se menos sincronizados.

Faça o download do relatório: https://bit.ly/CMO-October-2024-FullReport

Link para dados e gráficos: https://bit.ly/CMO-October-2024-Data

Site: worldbank.org/en/research/commodity-markets

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COMUNICADO À IMPRENSA Nº 2024/30/DEC

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