WASHINGTON, 14 de outubro de 2024 – Apesar dos sinais que mostram uma frágil recuperação económica, a África Subsaariana continua a avançar em “velocidade lenta", com uma grande população juvenil em risco de ser deixada para trás. De acordo com a última edição do Africa's Pulse, a atualização económica regional semestral do Banco Mundial, publicada a 14 de outubro, dois fatores são fundamentais para impulsionar o crescimento inclusivo: estabilizar as economias, e transformar a educação para dotar a crescente força de trabalho da região com competências fundamentais e conhecimentos relevantes para a sua entrada no mercado do trabalho.
O relatório, que está na sua 30.ª edição e tem como tema Transformação da educação para o crescimento inclusivo, afirma que a atividade económica na região deverá crescer 3% em 2024, em comparação com os 2,4% em 2023, impulsionada principalmente pelo crescimento do consumo e pelos investimentos privados. As previsões apontam para uma diminuição da inflação de 7,1% em 2023 para 4,8% em 2024, graças a políticas monetárias e fiscais mais apertadas, moedas mais estáveis e menos interrupções nas cadeias de abastecimento.
No entanto, esta recuperação não é suficiente para tirar milhões de pessoas da pobreza. O crescimento per capita permanece lento - apenas 0,5% em 2024, em comparação com uma média de 2,4% entre 2000 e 2014. Desafios como conflitos, alterações climáticas e os elevados custos do serviço da dívida estão a comprometer o progresso. Em 2024, 34% das receitas dos governos de toda a região serão gastas no serviço da dívida, deixando pouco espaço para investimentos produtivos.
“Os governos africanos estão a dar passos largos para estabilizar as suas finanças e colmatar as lacunas orçamentais,” refere Andrew Dabalen, Economista Chefe do Banco Mundial para a Região de África. "Mas os elevados encargos com a dívida estão a limitar os investimentos em áreas críticas como a educação, a saúde e as infraestruturas, que são essenciais para um crescimento inclusivo a longo-prazo."
A população africana em idade ativa está a expandir-se mais rapidamente do que em qualquer outra região, impulsionada por uma maior taxa de sobrevivência infantil em relação às últimas duas décadas. No entanto, a África Subsaariana gasta menos em educação per capita do que qualquer outra região. Os autores do Africa’s Pulse estimam que, para atingir a educação universal até 2030, os sistemas de educação precisariam de absorver cerca de mais 170 milhões de crianças e adolescentes, o que exigiria a construção de mais 9 milhões de salas de aula e a contratação de mais 11 milhões de professores.
Trata-se de um desafio assustador, mas a região já deu passos significativos: atualmente, estão matriculadas nas escolas primárias e secundárias 270 milhões de crianças, e as taxas de conclusão das escolas primárias melhoraram substancialmente desde 2000.
“Olhando para o futuro, a juventude de África terá de ter uma boa educação e ser bem qualificada para poder aceder a melhores empregos e tirar partido das novas oportunidades da economia digital e verde,” diz Tihtina Zenebe Gebre, Especialista Sénior em Educação do Banco Mundial que colaborou na elaboração do relatório. “O planeamento baseado em evidências e as despesas inteligentes serão cruciais para expandir o acesso, melhorando ao mesmo tempo os resultados da aprendizagem e do emprego.”
Atualmente, 7 em cada 10 crianças da África Subsaariana não têm acesso à educação pré-primária, e menos de 1,5% dos jovens de 15 a 24 anos estão matriculados num curso de formação profissional, em comparação com 10% nos países com altos rendimentos. Colmatar estas lacunas é vital para desbloquear o potencial económico da África Subsaariana e impulsionar o crescimento sustentável e inclusivo. Apoiar o empreendedorismo e as novas empresas, permitir o crescimento de pequenos negócios e atrair empresas maiores e já estabelecidas é também essencial para que os graduados qualificados encontrem oportunidades de emprego adequadas quando tentarem entrar e progredir no mercado de trabalho.