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COMUNICADO À IMPRENSA4 de maio de 2023

O Brasil pode se tornar mais rico e mais verde: Grupo Banco Mundial descreve oportunidades de ação climática e crescimento

O Brasil pode se tornar uma potência global de energia limpa e salvar a Amazônia

BRASÍLIA, 4 de maio de 2023 — O Brasil se encontra numa ótima posição para proporcionar a seu povo uma vida melhor e, ao mesmo tempo, enfrentar com sucesso as ameaças das mudanças climáticas, afirma um novo relatório do Grupo Banco Mundial divulgado hoje.

De acordo com o Relatório sobre Clima e Desenvolvimento para o Brasil (CCDR, na sigla em inglês), o país pode se tornar uma potência global de energia limpa e salvar a Amazônia com um plano de desenvolvimento que produza mais alimentos usando menos terras e melhore a proteção das florestas. O Brasil pode expandir sua economia e combater as mudanças climáticas com investimentos relativamente modestos em agricultura, combate ao desmatamento, energia, cidades e sistemas de transporte.

Os choques climáticos podem levar de 800 mil a 3 milhões de brasileiros à pobreza extrema já em 2030. É crucial que o Brasil acelere seus investimentos rumo a um crescimento resiliente e de baixo carbono”, disse Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil. “Para aproveitar ao máximo seu potencial, o Brasil precisaria de investimentos líquidos de 0,8% de seu PIB anual por ano até 2030. O Banco Mundial está empenhado em trabalhar em parceria com o governo brasileiro para ajudar o país a atingir suas metas de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, promover ações climáticas.”

O relatório destaca a posição privilegiada do Brasil em termos de acesso a energias renováveis. Quase metade de toda a energia usada no Brasil — mais de 80% no caso da energia elétrica — já vem de fontes renováveis, em comparação com as médias mundiais entre 15% e 27%.

No caso do Brasil, a expansão das energias limpas não custaria mais que os planos atuais para aumentar a geração de combustíveis fósseis. Um aumento no investimento em energias renováveis teria custos iniciais mais altos para a geração, a transmissão e o armazenamento de energia. No entanto, esses custos seriam plenamente compensados pela economia de combustíveis e custos operacionais, diz o relatório. Da mesma forma, a transição nos setores de transporte e indústria rumo a uma maior eletrificação e ao uso de hidrogênio verde, produzido com energia eólica e solar em vez de gás, não geraria custos mais altos para a economia.

O CCDR afirma que o Brasil tem de uma grande vantagem competitiva no crescente mercado global de bens e serviços mais verdes. Seu setor privado já é competitivo em vários produtos necessários para o abandono dos combustíveis fósseis, inclusive aqueles relacionados a turbinas eólicas e peças para motores e geradores elétricos. O Brasil poderia entrar nos mercados de produtos de energia solar, expandir sua presença para o segmento de hidrogênio verde e lucrar com seus grandes depósitos de minerais importantes para a proteção do clima.

“O setor privado pode e deve desempenhar um papel central na transição da economia brasileira rumo a uma economia mais resiliente e descarbonizada. O engajamento do setor privado será crucial para, entre outros aspectos, financiar a maioria dos investimentos de capital necessários para a ação climática, ajudando a alavancar o financiamento climático e os gastos públicos”, afirmou Carlos Leiria Pinto, gerente da IFC para o Brasil. “Para que isso aconteça, é necessário um ambiente de negócios favorável e apoio público para atrair investidores privados e acelerar a inovação.”

Embora a Amazônia esteja se aproximando de um ponto de inflexão, com consequências potencialmente drásticas para o povo brasileiro, inclusive no que diz respeito à agricultura, ao abastecimento de água em áreas urbanas, à prevenção de inundações e à geração de energia hidrelétrica, o relatório argumenta que é possível reverter a situação com um plano de desenvolvimento que articule melhor as necessidades da agricultura com a preservação da floresta. Este plano removeria os incentivos para a destruição da Amazônia, protegendo empregos e garantindo a segurança alimentar. Os investimentos destinados a aumentar a produtividade agrícola podem tornar a Amazônia mais resiliente e sustentável. Esses investimentos poderiam fornecer assistência técnica e serviços de extensão, incluindo investimentos do setor privado, bem como reformas no programa de crédito rural e melhorias nos sistemas de irrigação.

Também serão necessários recursos para facilitar a transição de trabalhadores e proprietários de ativos para setores mais verdes, inclusive na forma de compensações pelo descomissionamento antecipado de ativos emissores de carbono. Segundo o relatório, ainda assim essas necessidades de investimento serão amplamente compensadas por economias na forma de gastos evitados com energia ou redução de congestionamentos e poluição atmosférica.

Em termos gerais, os custos econômicos totais das rotas resilientes e com emissões líquidas iguais a zero propostas no CCDR do Brasil equivalem a cerca de 0,5% do PIB, sem contabilizar os benefícios nacionais e globais dos impactos evitados das mudanças climáticas e os benefícios econômicos e não econômicos da preservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos únicos oferecidos por florestas nativas.

Principais recomendações: Uma combinação de reformas estruturais, políticas climáticas para a economia como um todo e medidas setoriais específicas

O CCDR destaca um dos múltiplos caminhos pelos quais o Brasil poderia tirar proveito de sua posição e, assim, aumentar sua resiliência climática e zerar suas emissões líquidas de GEEs. Algumas das ações recomendadas são:

  • Cumprir a promessa de zerar o desmatamento ilegal até 2028 (conforme o atual Código Florestal) — cerca de 90% do desmatamento atual é ilegal.
  • Promover o manejo da terra e usos sustentáveis e produtivos da terra (por exemplo, áreas protegidas, demarcação de territórios indígenas e restauração de pastagens degradadas) e promover atividades econômicas baseadas em recursos naturais sustentáveis (por exemplo, ecoturismo e plantações florestais) para aumentar o armazenamento de carbono, removendo cerca de 600 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MtCO2e) ao ano (“emissões negativas”).
  • Fortalecer a agricultura inteligente em termos de clima (práticas agrícolas capazes de tolerar mudanças climáticas, poluindo menos e emitindo menos carbono). Prioridades como intensificar a produção pecuária, aumentar a produtividade das lavouras e reduzir a exposição dos agricultores a riscos climáticos podem, ao mesmo tempo, reduzir pela metade as emissões do setor de 500 MtCO2e por ano em 2020 para 250 MtCO2e por ano em 2050.
  • Capitalizar as vantagens competitivas do Brasil em energia renovável para que o país se torne um líder na produção de hidrogênio verde, o que pode ajudar a acelerar a transição rumo a energias renováveis, especialmente nos setores de transporte e indústria pesada, diversificando as exportações e atraindo investimentos.
  • Melhorar a eficiência energética, realizar a transição para combustíveis de baixo carbono (especialmente no transporte e na indústria), aumentar o uso de ferrovias e hidrovias para o transporte de cargas (em vez de transporte rodoviário) e promover o uso de transporte público em vez de veículos particulares.
  • Utilizar planejamento urbano, gestão urbana e recursos financeiros e investir em soluções baseadas na natureza (como a criação de espaços verdes, a proteção de zonas úmidas e o aumento da proteção natural contra inundações costeiras), além de criar um ambiente propício para cidades verdes e resilientes.
  • Acelerar reformas que aumentem a produtividade, inclusive a reforma da política comercial, o que pode ajudar o Brasil a se integrar às cadeias globais de valor além das commodities.
  • Realizar intervenções em toda a economia, inclusive por meio da mudança dos incentivos oferecidos a investidores privados e consumidores com reformas fiscais e de subsídios (por exemplo, com mecanismos de precificação de carbono) de forma a beneficiar esses grupos e toda a sociedade. Isso deve ser acompanhado por medidas que auxiliem a adaptação às mudanças climáticas e apoiem a transição rumo a uma economia de baixo carbono, como, por exemplo, iniciativas de recapacitação e recolocação profissional. A promoção da resiliência e da transição justa inclui investimentos em saúde e educação, bem como medidas relevantes de apoio ao emprego e à proteção social.

Relatórios sobre Clima e Desenvolvimento (CCDRs)

Os Relatórios sobre Clima e Desenvolvimento do Grupo Banco Mundial (CCDRs) constituem uma nova série de importantes relatórios diagnósticos que integram considerações sobre mudanças climáticas e desenvolvimento. Eles ajudarão os países a priorizar as ações mais impactantes e capazes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) e impulsionar a adaptação climática, ao mesmo tempo que cumprem metas de desenvolvimento mais amplas. Os CCDRs se baseiam em dados e pesquisas rigorosas e identificam as principais rotas para reduzir as emissões de GEEs e as vulnerabilidades climáticas. Eles analisam os custos e desafios, bem como os benefícios e oportunidades dessas ações. Os relatórios propõem medidas concretas e prioritárias para apoiar a transição resiliente rumo a uma economia de baixo carbono. Os CCDRs são documentos públicos que visam a informar governos, cidadãos, parceiros de desenvolvimento e o setor privado e viabilizar seu envolvimento com a agenda de clima e desenvolvimento. Os CCDRs contribuirão para outros importantes estudos diagnósticos, interações e operações do Grupo com diversos países. Ademais, ajudarão a atrair recursos e financiamento direto para ações climáticas de alto impacto.

Faça o download do Relatório sobre Clima e Desenvolvimento do Brasil aqui.

Outros relatórios publicados anteriormente estão disponíveis aqui.

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