WASHINGTON, 4 de abril de 2023 – As economias da América Latina e do Caribe têm se mostrado relativamente resilientes diante do aumento do estresse da dívida, da inflação e do aumento da incerteza global. Mas novos obstáculos como o preço mais baixo das commodities, as taxas de juros mais altas nos países desenvolvidos e a recuperação instável da China podem piorar as perspectivas da região.
Para impulsionar o crescimento, os países precisam preservar sua resiliência, que foi conquistada com muito esforço, e aproveitar as oportunidades únicas que as tendências da economia global oferecem no nearshoring (aproximar a cadeia produtiva dos mercados domésticos) e na indústria verde, de acordo com o novo relatório do Banco Mundial, O Potencial da Integração, Oportunidades Numa Economia Global em Transformação.
“A região se recuperou em grande parte da crise da pandemia, mas infelizmente voltou aos baixos níveis de crescimento da década anterior," afirma Carlos Felipe Jaramillo, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe. “Os países precisam urgentemente acelerar o crescimento inclusivo para que todos se beneficiem do desenvolvimento, e isso exigirá manter a estabilidade macroeconômica e aproveitar as oportunidades que a integração comercial oferece hoje.”
Após se recuperar da pandemia, a região administrou com relativo sucesso as múltiplas crises causadas pela guerra da Rússia contra a Ucrânia e as incertezas da economia global. Tanto a pobreza quanto o emprego voltaram aos níveis pré-pandêmicos, enquanto a inflação média, à exceção da Argentina, deve cair para 5,0 % em 2023, depois de atingir 7,9 % em 2022.
De acordo com o relatório, a resiliência da região em geral advém do progresso duramente conquistado na gestão macroeconômica durante as últimas duas décadas. Manter esse progresso será fundamental.
No entanto, em média, o desequilíbrio fiscal permanece elevado, projetado para 2,7% do PIB em 2023, corroendo ainda mais o espaço fiscal já apertado, e estima-se que os níveis de dívida atinjam 64,7% do PIB este ano, um pouco abaixo de 66.3% em 2022. Além disso, as recentes falências de bancos nos EUA e na Europa trazem mais incertezas. Ainda veremos as consequências no sistema bancário e fluxo de capital na América Latina.
“A região da América Latina continua sendo uma das menos integradas, enquanto a abertura comercial e os fluxos de investimento estrangeiro direto têm estado estagnados ou reduzidos nos últimos 20 anos; os países devem encontrar maneiras de se tornar atrativos e aproveitar as tendências de nearshoring," disse William Maloney, economista-chefe para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial. “Além disso, alavancar a extraordinária vantagem comparativa da região na produção de energia sustentável, commodities necessárias para indústrias verdes emergentes, e o capital natural único da região oferece uma nova fonte potencial de crescimento, mas exigirá políticas para facilitar o acesso a mercados, capital e tecnologia globais.”
O relatório sugere uma série de políticas públicas para o avanço da integração que os países devem considerar para aproveitar essas oportunidades. Isso inclui políticas de longo prazo, como redução de riscos sistêmicos, aumento de investimentos em infraestrutura tradicional e digital e melhoria do capital humano, bem como opções de curto prazo, como preservar a estabilidade geral, ao promover avanços regulatórios alfandegários e de transporte e modernizar as agências de exportação e promoção de investimentos.
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