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COMUNICADO À IMPRENSA23 de junho de 2022

Quatro em cada cinco crianças na América Latina e no Caribe não serão capazes de compreender um texto simples

O novo relatório do Banco Mundial e do UNICEF, em colaboração com a UNESCO, faz um apelo por medidas urgentes de mitigação da crise de aprendizagem decorrente da Covid-19

CIDADE DO PANAMÁ / WASHINGTON D.C., 23 de junho de 2022 – Estima-se que quatro em cada cinco alunos do sexto ano do ensino fundamental na América Latina e no Caribe (ALC) apresentarão dificuldades de leitura e interpretação simples de texto, segundo o relatório lançado hoje pelo Banco Mundial e o UNICEF, em colaboração com a UNESCO. Embora a região já sofresse uma crise de aprendizagem antes da pandemia, esse aumento é bastante considerável. Essa nova e alarmante estimativa sugere ainda que o fechamento prolongado das escolas devido à Covid-19 pode ter provocado um atraso equivalente a mais de uma década nos resultados de aprendizagem na região. Novas evidências de toda a região reforçam essas estimativas.

O novo relatório ‘Two Years After: Saving a Generation (Dois anos depois: Salvando uma geração, em tradução livre) ressalta que essas perdas de aprendizagem podem custar aos estudantes da região uma redução de 12 por cento na renda ao longo de suas vidas.

As crianças da América Latina e do Caribe vivenciaram um dos mais longos e ininterruptos períodos de fechamentos de escolas no mundo devido à Covid-19. Em média, os estudantes perderam, de forma integral ou parcial, dois terços de todas as aulas presenciais desde o início da pandemia, com uma perda de aprendizagem estimada em 1,5 anos.

“A região da América Latina e do Caribe enfrenta uma crise educacional sem precedentes, que pode comprometer o desenvolvimento futuro dos nossos países” declarou Carlos Felipe Jaramillo, Vice-Presidente do Banco Mundial para a região da América Latina e do Caribe“O fato de a grande maioria dos estudantes do sexto ano do ensino fundamental poder ter dificuldades para compreender o que lê compromete o bem-estar futuro de milhões de crianças que não desenvolveram habilidades críticas fundamentais, o que aumenta os riscos de agravamento das desigualdades de longa data na região.”

As crianças mais jovens e mais vulneráveis foram afetadas desproporcionalmente pelas perdas de aprendizagem, como mostram as evidências recentes de toda a região, criando o cenário para o aumento da desigualdade e uma crise geracional.

A região da América Latina e do Caribe já perdeu mais de dez anos de avanços na aprendizagem devido ao fechamento das escolas por dois anos devido à Covid-19. E a catástrofe educacional ainda persiste, dia após dia,” disse Jean Gough, Diretora Regional do UNICEF para a América Latina e o Caribe. “Embora muitas escolas tenham sido reabertas na região, notamos que muitas crianças não retornaram às salas de aula em período integral; e muitas daquelas que retornaram estão perdidas. Em ambos os casos, elas não estão aprendendo. Fazer vista grossa à mais grave crise de aprendizagem já enfrentada na região prejudicará as crianças agora e a todos nós no longo prazo.”

Também lançado hoje, o relatório The State of Global Learning Poverty: 2022 Update (O estado da pobreza de aprendizagem global: Atualização 2022, em tradução livre), elaborado pelo Banco Mundial, UNESCO, UNICEF, FCDO, USAID e BMGF, mostra, em termos comparativos, que a crise educacional na América Latina e no Caribe coloca a região na segunda pior posição no âmbito global. Apenas a África Subsaariana apresenta um índice mais alto de pobreza de aprendizagem, com cerca de 9 em cada 10 estudantes incapazes de ler e compreender um texto simples no fim do ensino fundamental.

Ainda mais preocupante é o fato de a região da América Latina e do Caribe apresentar o aumento mais exorbitante nesse índice desde 2019, seguida pelo sul da Ásia. De acordo com o relatório, isso provavelmente ocorreu pelo fechamento prolongado das escolas nas duas regiões.

Claudia Uribe, Diretora da OREALC/UNESCO Santiago destacou os resultados da III Reunião Regional de Ministros da Educação da América Latina e Caribe, na qual foi expressa a urgência de dar prioridade à recuperação e transformação dos sistemas educacionais. "A recuperação não pode significar voltar ao mesmo, é necessário priorizar a educação na agenda pública de nossas nações, garantindo seu financiamento adequado a fim de atingir os objetivos propostos". 

Considerando a gravidade da crise, o novo relatório ‘Two Years After: Saving a Generationfaz um apelo aos governos para que concentrem as suas políticas em duas estratégias essenciais: a promoção do retorno às escolas e a recuperação da perda de aprendizagem. O retorno às escolas visa a concluir a reabertura de todas as escolas de modo sustentável, rematricular todos os estudantes e evitar o abandono escolar. A agenda de recuperação da aprendizagem deve priorizar as habilidades fundamentais de leitura e matemática, a avaliação dos níveis de aprendizagem e a implementação de estratégias e programas de recuperação da aprendizagem em grande escala. Também será necessário tratar das necessidades psicossociais de estudantes e professores e reduzir as lacunas digitais para enfrentar esses desafios.

As recomendações apresentadas no relatório ecoam o “Compromisso com a recuperação e a proteção da aprendizagem na América Latina e no Caribe”, anunciado no início deste mês em conjunto com o Diálogo Interamericano, a UNESCO e o UNICEF, com a participação dos Presidentes da Argentina, do Chile, do Equador e de Honduras.

O relatório inclui quatro ações fundamentais para ajudar a trazer essa geração de volta ao caminho certo:

  • Colocar a recuperação educacional no topo da agenda pública
  • Reintegrar e assegurar a permanência de todas as crianças que abandonaram as escolas
  • Recuperar as perdas de aprendizagem e garantir o bem-estar socioemocional das crianças
  • Valorizar, apoiar e capacitar os professores

Link para o relatório

COMUNICADO À IMPRENSA Nº 2022/LAC

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