WASHINGTON, 29 de setembro de 2021 – Programas de educação superior de ciclo curto (SPCs), tais como cursos técnicos, carreiras terciárias e programas avançados de treinamento vocacional, podem ser ferramentas altamente eficazes em tempos de crise, como na atual pandemia de Covid-19, com milhões de pessoas em toda a América Latina e no Caribe precisando receber treinamento e desenvolver habilidades para ingressar urgentemente no mercado de trabalho formal, segundo um novo relatório do Banco Mundial.
A pandemia atingiu severamente a região, causando uma recessão econômica sem precedentes e uma queda acentuada no nível de emprego e produção em um momento de importantes transformações no mundo do trabalho. Dentro desse contexto, os SCPs, que geralmente consistem em programas de dois ou três anos voltados para o mercado de trabalho, poderiam ajudar a impulsionar empregos, abrindo caminho para oportunidades de trabalho relativamente rápidas e bem remuneradas, de acordo com o relatório “O Caminho Rápido Para Novas Habilidades, os Programas de Educação Superior de Ciclo Curto na América Latina e no Caribe”.
Os países da região devem promover a expansão e a qualidade desses programas para beneficiar um número maior de pessoas e gerar rapidamente o capital humano necessário para a recuperação econômica e o crescimento.
"A pandemia de Covid-19 provocou uma crise sem precedentes na América Latina e no Caribe, afetando o emprego e a produção e levando milhões de pessoas à pobreza. Os Programas de Educação Superior de Ciclo Curto podem exercer um papel importante na recuperação ajudando a superar a crise econômica e produtiva e preparando indivíduos para o mundo do trabalho atual," declarou Carlos Felipe Jaramillo, Vice-Presidente do Banco Mundial para a região da América Latina e do Caribe. "Dentro desse contexto, é fundamental que os países da região promovam o potencial transformador dos SCPs."
De acordo com o relatório, os benefícios em termos de remuneração para carreiras de nível técnico são claros. Por exemplo, indivíduos formados em programas de ciclo curto geralmente recebem - como esperado – salários mais baixos do que aqueles que se formam em programa de bacharelado, mas na média regional, os primeiros ganham 25 por cento a mais do que a maior parte (54 por cento) dos desistentes dos programas de bacharelado, considerando as características do aluno. A diferença varia de -4 por cento no Peru, 8 por cento na Argentina, 22 por cento no Equador e de 42 por cento no Paraguai a máximos de 58 por cento na Bolívia e 74 por cento em El Salvador.
Do mesmo modo, indivíduos formados em SCPs ganham, na média regional, 60 por cento a mais do que as pessoas formadas no Ensino Médio, sem Ensino Superior. Nesse caso, a diferença salarial varia de 32 por cento no Peru e 36 por cento na Costa Rica, a 44 por cento no México, 48 por cento no Chile, com máximos de 100 por cento na Bolívia e 110 por cento em El Salvador.
Os indivíduos formados em SCPs também são bem sucedidos em termos de empregabilidade. Eles não apenas superam os indivíduos formados no Ensino Médio, como também aqueles que abandonam os programas de bacharelado. Com relação aos últimos, eles têm uma taxa de empregabilidade mais baixa (3.8 contra 6.1 por cento), e uma taxa mais alta de emprego formal (82 contra 67 por cento). Esses resultados são importantes, especialmente dentro do atual contexto de desemprego e informalidade.
O relatório também mostra que a taxa de graduação de alunos de SCPs é mais alta do que a dos estudantes de bacharelado (57 contra 46 por cento), o que é bastante relevante, considerando que as desistências dos cursos de bacharelado representam aproximadamente metade de todos os indivíduos que iniciam o ensino superior na América Latina e no Caribe e que, em média, os alunos de SCPs vêm de grupos sociais menos favorecidos do que os alunos dos cursos de bacharelado.
"Os programas de Educação Superior de ciclo curto têm pontos fortes importantes, incluindo a habilidade de atender as demandas do mercado de trabalho com mais rapidez e flexibilidade. Eles também gozam de um relacionamento fluido com empresas locais e geralmente ajudam os alunos a encontrar trabalho," declarou María Marta Ferreyra, economista sênior e uma das autoras do relatório do Banco Mundial.
No entanto, a oferta de programas curtos na América Latina e no Caribe ainda não é tão bem desenvolvida como em outras regiões, e a qualidade das ofertas é desigual. Nas duas últimas décadas, a taxa de matrícula em cursos de Ensino Superior na América Latina e no Caribe aumentou de 23 para 52 por cento, mas o maior aumento ocorreu nos cursos de bacharelado. Consequentemente, a atual taxa de participação de alunos de SCPs matriculados em cursos de Ensino Superior é de apenas 9 por cento, mais baixa do que em outras regiões (34 por cento nos países do Leste Asiático e do Pacífico, 30 por cento na América do Norte, 21 por cento na África Subsariana, 18 por cento na Europa e na Ásia Central). E, enquanto alguns programas oferecem excelentes resultados em termos de mercado de trabalho, outros não o fazem.
Visando aumentar o número de programas curtos e aprimorar a qualidade da oferta educacional, será fundamental implementar as políticas adequadas. Isso fará com que os programas de ciclo curto atinjam todo o seu potencial. Alguns exemplos dessas políticas incluem fornecer e disseminar informações sobre os resultados, custos e retornos de todos os programas; corrigir desigualdades nos financiamentos entre os alunos e tipos de programas; responsabilizar os programas com base nos resultados dos alunos; e facilitar o acúmulo de credenciais e jornadas acadêmicas flexíveis.
De acordo com o relatório, com as políticas adequadas, as instituições podem oferecer programas melhores, os alunos podem tomar decisões mais informadas sobre as suas carreiras, e as necessidades individuais, econômicas e das empresas podem ser atendidas.
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