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COMUNICADO À IMPRENSA 14 de julho de 2021

Ensinar as crianças pequenas no idioma que elas falam em casa é fundamental para eliminar a pobreza de aprendizagem

WASHINGTON, 14 DE JULHO DE 2021 – As crianças aprendem mais e tendem a permanecer mais tempo na escola quando são instruídas no idioma que falam e entendem. No entanto, aproximadamente 37 por cento dos estudantes dos países de baixa e média renda são obrigados a aprender em um idioma diferente, o que os coloca em considerável desvantagem ao longo da vida escolar e limita seu potencial de aprendizado. De acordo com o novo relatório do Banco Mundial Em Alto E Bom Som: Políticas de Língua de Instrução Eficazes Para a Aprendizagem, as políticas de efetividade da linguagem de instrução (LdI) são fundamentais para reduzir a Pobreza de Aprendizagem e melhorar outros resultados relacionados à aprendizagem, igualdade e inclusão.

A instrução é expressa por meio da linguagem – escrita e falada – e é fundamental que as crianças aprendam a ler e a escrever para que consigam aprender todas as outras disciplinas acadêmicas.  O relatório Alto e Claro explica de maneira simples : muitas crianças são ensinadas em uma linguagem que não entendem, e esta é uma das principais razões pelas quais muitos países têm índices de aprendizagem muito baixos.

As crianças mais impactadas por essas políticas e escolhas costumam sofrer outras desvantagens – elas se encontram entre os 40 por cento da base inferior da escala socioeconômica e vivem em áreas mais remotas.  Também carecem de recursos familiares para lidar com os efeitos das políticas ineficazes da linguagem em seu aprendizado. Isso contribui para taxas de evasão escolar e de repetição mais altas, aumento da Pobreza de Aprendizagem e baixos níveis de aprendizado como um todo.

Os impactos devastadores da Covid-19 sobre a aprendizagem vêm colocando toda uma geração em risco”, disse Mamta Murthi, Vice Presidente do Banco Mundial para o Desenvolvimento Humano. “Mesmo antes da pandemia, muitos sistemas educacionais colocavam os seus estudantes em desvantagem ao exigir que as crianças aprendessem em línguas que elas não conheciam bem e, em muitos casos, em línguas que eles não conheciam de jeito nenhum. Ensinar as crianças em uma língua que elas entendem é fundamental para acelerar o aprendizado, melhorar os resultados do capital humano, e reconstruir sistemas de educação mais eficazes e equitativos”.

O novo relatório sobre LdI ressalta que quando as crianças recebem as primeiras instruções na língua que falam e entendem, elas aprendem mais, tornam-se mais aptas a aprenderem outros idiomas e outras disciplinas, tais como matemática e ciências, tendem a permanecer na escola e desfrutam de uma experiência escolar adequada à sua cultura e às circunstâncias locais. Isso ainda estabelece bases sólidas para o aprendizado de uma segunda língua no futuro. À medida que as políticas sobre LdI efetivas melhoram o aprendizado e o progresso escolar, elas reduzem os custos por estudante para o país e, consequentemente, viabilizam o uso mais eficaz dos recursos públicos para ampliar o acesso e a qualidade da educação para todas as crianças.

A diversidade de línguas na África Subsaariana é uma de suas principais características. Embora a região tenha 5 línguas oficiais, mais de 940 línguas minoritárias são faladas na África Central e Ocidental e mais de 1.500 na África Subsaariana, o que torna os desafios da educação ainda mais evidentes”, disse Ousmane Diagana, Vice Presidente Regional do Banco Mundial para a África Central e Ocidental. “Ao adotar políticas de linguagem de instrução melhores, os países permitirão que as crianças tenham um início de vida escolar melhor e sigam no caminho certo para construir o capital humano de que precisam para manter a produtividade e o crescimento de suas economias no longo prazo.”

O relatório explica que embora antes da Covid-19 o mundo tenha feito um avanço extraordinário ao colocar crianças nas escolas, a quase totalidade de matrículas no ensino fundamental não levou ao aprendizado quase universal. Na verdade, antes da pandemia, 53 por cento das crianças de países de baixa e média renda estavam vivendo em condições de Pobreza de Aprendizagem, ou seja, não conseguiam ler e entender um texto próprio para a sua idade aos 10 anos. Na África subsaariana, os números ficaram próximos de 90 por cento. Atualmente, os dois choques sem precedentes causados pelo fechamento prolongado das escolas e pela profunda recessão global associados à pandemia ameaçam agravar ainda mais a crise, com estimativas iniciais que sugerem que a Pobreza de Aprendizagem pode atingir o recorde de 63 por cento. Esses resultados ruins na aprendizagem são, em muitos casos, um reflexo das políticas inadequadas de linguagem de instrução.

“A mensagem é alta e clara.  As crianças aprendem melhor quando são ensinadas na língua que entendem, e isso proporciona uma base melhor para o aprendizado em um segundo idioma,” ressaltou Jaime Saavedra, Diretor Global do Banco Mundial para Educação. “Esta crise de aprendizagem profunda e injusta requer uma ação. Os investimentos nos sistemas de educação em todo o mundo não irão resultar em melhorias significativas no aprendizado se os estudantes não entendem a língua em que são ensinados. Melhorias substanciais nos índices de pobreza de aprendizagem são possíveis ao ensinar as crianças no idioma que elas falam em casa.”

A nova abordagem do Banco Mundial à política de linguagem de instrução é orientada por 5 princípios:

1. Ensinar as crianças na sua língua materna desde a Educação Infantil durante pelo menos os primeiros seis anos de escola primária.

2. Adotar a língua materna do estudante para ensinar outras disciplinas acadêmicas além da leitura e escrita.

3. Se a criança tiver que aprender um segundo idioma na escola primária, fazer a introdução como língua estrangeira com foco inicial nas habilidades orais.

4. Dar continuidade à instrução na língua materna mesmo quando uma segunda língua tornar-se o idioma principal de instrução.

5. Planejar, desenvolver, adaptar e melhorar continuamente a implementação das políticas de linguagem de instrução, de acordo com os contextos e objetivos educacionais do país.

Obviamente, essas políticas de linguagem de instrução precisam estar bem integradas em um pacote mais amplo de políticas a fim de assegurar o alinhamento com o compromisso político e a coerência instrucional do sistema.

Essa abordagem irá orientar o apoio financeiro e consultivo do Banco Mundial aos países a fim de proporcionar educação infantil e básica de alta qualidade a todos os seus estudantes. O Banco Mundial é a maior fonte de financiamento externo para a educação nos países em desenvolvimento – no ano fiscal de 2021, o Banco quebrou outro recorde e alocou US$5.5 bilhões dos recursos do BIRD e da IDA para novas operações, além de US$0.8 bilhões para novos acordos financiados pela Prática Global de Educação para um total de 60 novos projetos educacionais em 45 países.


COMUNICADO À IMPRENSA Nº 2021/005/HD

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