Durante a crise, as mulheres apresentavam 44 por cento mais probabilidade de perder o emprego em comparação aos homens. A perda permanente de empregos afetou uma em cada cinco mulheres, de acordo com um novo relatório do Banco Mundial.
WASHINGTON, 4 de março de 2021 - A pandemia da Covid-19 teve um efeito desproporcional sobre as mulheres trabalhadoras da América Latina e Caribe em comparação aos homens. Esse fato ressalta a necessidade de os países da região adotarem medidas de prevenção contra o agravamento das disparidades de gênero no mercado de trabalho, que persistem apesar dos avanços das últimas décadas.
A participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou de 41 por cento em 1990 para 53 por cento em 2019. Essa forte tendência de alta, no entanto, corre o risco de se reverter no contexto atual, segundo um novo relatório do Banco Mundial.
“A situação trabalhista das mulheres tende a ser mais frágil que a dos homens, com empregos no setor informal, em atividades que exigem mais interação presencial e menos trabalho remoto, como o comércio, cuidados pessoais ou turismo”, afirma Ximena Del Carpio, Gerente de Prática do Grupo de Prática de Pobreza e Equidade para a América Latina e Caribe. "Em tempos de crise, essas trabalhadoras ficam muito mais vulneráveis às mudanças no mercado de trabalho."
De acordo com a Nota de Política Econômica The Gendered Impacts of COVID-19 on Labor Markets in Latin America and the Caribbean (Os Impactos de Gênero da COVID-19 nos Mercados de Trabalho na América Latina e Caribe), elaborada pelo Laboratório de Inovação de Gênero do Banco Mundial (LACGIL, na sigla em inglês), no início da pandemia as mulheres apresentavam uma probabilidade 44 por cento maior do que os homens de perder o emprego temporária ou permanentemente (56 por cento para as mulheres contra 39 por cento para os homens).
Essa disparidade permaneceu praticamente inalterada, em cerca de 15 por cento, quando os trabalhadores que estavam temporariamente desempregados começaram a retornar ao trabalho. No entanto, o relatório destaca que a perda permanente de emprego afetou uma em cada cinco mulheres.
Os países não foram todos afetados da mesma forma. No início da crise da pandemia, Honduras e Costa Rica eram os países com maior disparidade de gênero: a probabilidade de uma mulher estar desempregada era 25 por cento maior do que a de um homem. Bolívia e Peru apresentavam as menores disparidades em nível regional, de 10 e 11 por cento, respectivamente.
O relatório indica que 56 por cento dos empregos perdidos durante a crise foram no comércio, serviços pessoais, educação e hotéis e restaurantes. Esses são quatro dos cinco setores onde a participação das mulheres na força de trabalho é mais intensa, representando 60 por cento dos postos de trabalho ocupados por mulheres antes da pandemia. Isso sugere que a disparidade no mercado de trabalho vem aumentando, com possíveis efeitos sobre o empoderamento das mulheres e agravamento dos desequilíbrios intrafamiliares e casos de violência doméstica.
O estudo incluiu três rodadas de pesquisas por telefone, realizadas em 13 países da região entre maio e agosto de 2020, com um total de 13.152 observações. O foco das pesquisas foi a situação de emprego dos homens e mulheres durante a pandemia, além de mudanças na renda familiar e no acesso a serviços, dentre outros aspectos. Com base nas conclusões, o relatório tece recomendações de políticas públicas para reverter os impactos negativos da pandemia sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho e garantir uma recuperação inclusiva.
As respostas imediatas de políticas públicas devem incorporar a perspectiva de gênero e gerar as condições e incentivos para as mulheres trabalharem. Também devem incluir programas de apoio às mulheres mais afetadas pela crise e às que não têm acesso a programas de proteção social. Além disso, devem apoiar o trabalho autônomo, promover programas de capacitação e colocação profissional e oferecer incentivos à formalização das mulheres trabalhadoras.
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