Apesar das grandes safras de commodities agrícolas, as perturbações no comércio e nas cadeias produtivas motivam preocupações com a segurança alimentar.
WASHINGTON, 23 de abril de 2020 — O choque na economia mundial em decorrência da pandemia de COVID-19 provocou uma queda dos preços da maioria das commodities e deve resultar em preços substancialmente mais baixos no decorrer de 2020, afirma o Banco Mundial na edição de abril de seu relatório Commodity Markets Outlook, sobre o panorama dos mercados de commodities.
As commodities de energia e metais são as mais afetadas pela súbita parada da atividade econômica e pela grave desaceleração prevista para a economia mundial. As commodities associadas aos transportes, como o petróleo, vêm sofrendo as quedas mais acentuadas. Apesar do impacto apenas moderado sobre as perspectivas para a maioria das commodities agrícolas, as interrupções nas cadeias produtivas e as medidas dos governos para restringir as exportações ou estocar produtos motivam a preocupação de que a segurança alimentar possa estar em risco em alguns lugares, indica o relatório.
“Além do impacto humano devastador, o impacto econômico da pandemia reduzirá a demanda e causará perturbações na oferta, afetando negativamente os países em desenvolvimento que dependem fortemente das commodities”, disse Ceyla Pazarbasioglu, Vice-Presidente de Crescimento Equitativo, Finanças e Instituições do Grupo Banco Mundial. “As autoridades podem aproveitar a queda dos preços do petróleo para levar a cabo reformas dos subsídios à energia a fim de ajudar a liberar recursos para gastos urgentes relacionados à pandemia. Essas reformas precisam ser complementadas com redes de proteção social mais fortes para salvaguardar os segmentos mais vulneráveis da sociedade. As autoridades precisam resistir ao impulso de impor restrições comerciais e evitar tomar medidas que ponham em risco a segurança alimentar, pois os pobres seriam os mais duramente atingidos.”
Faça o download da edição de abril da Commodity Markets Outlook
Os preços médios mensais do petróleo bruto despencaram 50% entre janeiro e março e atingiram um mínimo histórico em abril, com alguns benchmarks sendo negociados em níveis negativos. A previsão é de um preço médio de US$ 35 por barril em 2020, em uma forte correção para baixo frente ao prognóstico de outubro e uma queda de 43% em relação à média de US$ 61 por barril de 2019. Essa correção reflete uma queda historicamente grande da demanda. O recuo dos preços do petróleo bruto tem sido agravado pela incerteza em torno dos acordos de produção entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e outros produtores de petróleo. Os preços da energia de modo geral (que também abrangem o gás natural e o carvão) deverão ser, em média, 40% mais baixos em 2020, mas a expectativa é de uma forte recuperação em 2021.
Os preços dos metais também caíram no início deste ano. As maiores quedas foram do cobre e do zinco e estão especialmente associadas à atividade econômica mundial. Os preços dos metais deverão cair 13% em 2020 no geral, pois a desaceleração da demanda e a paralisação dos principais setores exercerá grande pressão sobre o mercado. Os metais industriais seriam os mais afetados pela desaceleração da economia mundial, em especial da China, que responde por mais da metade da demanda mundial por metais.
Os preços agrícolas estão menos ligados ao crescimento econômico e sofreram apenas pequenas perdas no primeiro trimestre de 2020, com a exceção da borracha, usada no setor de transportes. A previsão é que os preços permaneçam de modo geral estáveis em 2020, pois os níveis de produção e os estoques da maioria dos alimentos básicos estão em níveis recordes. Contudo, a produção de commodities agrícolas poderia sofrer interrupções no comércio e distribuição de insumos, como fertilizantes e pesticidas, e na disponibilidade de mão de obra. As perturbações nas cadeias produtivas já começaram a afetar as exportações por países em desenvolvimento e de mercados emergentes de produtos perecíveis, como flores, frutas e verduras e legumes.
“Esse enorme choque nos mercados de commodities e os baixos preços do petróleo podem criar um sério revés para as economias em desenvolvimento e comprometer os investimentos necessários em infraestruturas essenciais que apoiariam o crescimento de longo prazo e gerariam empregos de qualidade”, disse Makhtar Diop, Vice-Presidente de Infraestrutura do Banco Mundial. “A comunidade internacional precisa unir-se para enfrentar esses reveses e, para tanto, procurar promover intervenções em diversas fontes de energia, transporte sustentável e acesso a infraestrutura e serviços digitais que permitam às pessoas permanecer conectadas durante estes tempos de incerteza. Isso será fundamental para prestar serviços sociais vitais, proteger empregos, apoiar empresas e salvar vidas.”
Um dos focos da análise do relatório recai sobre o impacto da pandemia de COVID-19 nos mercados de commodities. As medidas de mitigação tomadas para conter o vírus resultaram em um colapso sem precedentes na demanda por petróleo, e perturbações nas cadeias produtivas poderiam causar deslocamentos no consumo e na produção de outras commodities e pôr em risco a segurança alimentar. A pandemia tem o potencial de afetar a demanda e a oferta de commodities por um período prolongado, conclui a análise.
A queda dos preços do petróleo oferece às autoridades das economias em desenvolvimento e de mercados emergentes uma oportunidade para levar a cabo reformas nos subsídios à energia. Essas reformas podem ajudar a liberar recursos para gastos em necessidades prementes relacionadas à pandemia, a desestimular o desperdício de energia e a redirecionar despesas para programas mais voltados para os pobres.
Outra seção analítica examina a OPEP no contexto de outros acordos semelhantes de administração da oferta de commodities. Tais acordos vêm caindo ao longo do tempo sob a pressão de forças econômicas e outros eventos, e a OPEP pode estar sujeita a essas mesmas pressões.
O Grupo Banco Mundial, uma das maiores fontes de financiamento e conhecimento para as economias em desenvolvimento, está tomando medidas amplas e rápidas para ajudar esses países a fortalecer sua resposta à pandemia. Ao longo dos próximos 15 meses, o Grupo disponibilizará até US$ 160 bilhões em assistência financeira para ajudar os países a proteger os pobres e vulneráveis, apoiar as empresas e sustentar a retomada da economia, dos quais US$ 50 bilhões serão novos recursos a ser usados pela Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) em doações ou empréstimos em condições altamente concessionais. O Banco também está aumentando a vigilância da doença, melhorando as intervenções de saúde pública e ajudando o setor privado a continuar a operar e manter empregos.
Para mais informações, visite: https://www.worldbank.org/commodities
Banco Mundial no Facebook: https://www.facebook.com/worldbank
Atualizações pelo Twitter: https://www.twitter.com/worldbank
Nosso canal no YouTube: https://www.youtube.com/worldbank