Abidjan, 17 de abril de 2019 - Os chefes de estado, ministros, líderes de bancos multilaterais de desenvolvimento, executivos do sector privado, mulheres empresárias, e governos contribuintes para a Iniciativa para o Financiamento das Mulheres Empresárias (We-Fi) reuniram-se na primeira Cimeira Regional da We-Fi para discutir formas concretas de fortalecer o apoio às pequenas e médias empresas (PME) lideradas por mulheres na África Ocidental.
Com a participação de mais de 400 líderes do sector público e privado da África Ocidental e de outras regiões, a Cimeira foi organizada pela We-Fi em colaboração com o Banco Africano de Desenvolvimento, o Banco Islâmico de Desenvolvimento e o Grupo Banco Mundial. O anfitrião foi o Governo da República da Costa do Marfim.
A Cimeira concluiu com um apelo conjunto à ação, apelando a reformas de políticas pública de grande alcance e a ações do sector privado para ajudar as mulheres empresárias a ultrapassarem barreiras persistentes, tanto financeiras como não financeiras.
"As mulheres constituem a maioria da população de trabalhadores por conta própria de África e desempenham um papel económico fundamental, com benefícios significativos para as suas famílias, comunidades e países", disseram os líderes presentes na Cimeira numa declaração conjunta. Reconhecendo o desafio da plena participação económica, salientam que "as mulheres empresárias também enfrentam outras barreiras que as impedem de aceder ao financiamento, aos mercados, à tecnologia, à orientação e ao apoio ao desenvolvimento de capacidades. Isto limita o potencial das mulheres empresárias e impede o crescimento económico e a redução da pobreza em África.”
Devido a estas restrições, as mulheres empresárias da região estão constantemente em atraso em relação aos homens em vários indicadores-chave do desempenho dos negócios. Um estudo recente do Banco Mundial descobriu que os lucros mensais e as vendas de empresas detidas por mulheres na região eram, em média, 34 porcento e 38 porcento inferiores, respetivamente, do que os das empresas detidas por homens.
Os líderes presente na cimeira convidaram os governos a empreenderem reformas políticas e jurídicas para aumentar o acesso das mulheres empresárias aos serviços financeiros, contratos governamentais e às infraestruturas básicas da economia digital. Eles também destacaram a necessidade urgente de remover restrições laborais e de mobilidade para as mulheres e garantir a sua igualdade de direitos em relação à propriedade.
Na última década, os governos africanos melhoraram a inclusão económica das mulheres implementando 71 reformas jurídicas e regulatórias—mais do que qualquer outra região do mundo, de acordo com um relatório do Banco Mundial. Embora os países africanos tenham feito progressos significativos na redução das disparidades entre homens e mulheres, o reforço do papel das mulheres como empresárias irá transformar o continente.
Reconhecendo a importância da colaboração do sector público e privado, os líderes presentes na Cimeira realçaram o papel vital que o sector privado e as organizações da sociedade civil desempenham na melhoria do acesso das mulheres ao capital, aos mercados, à formação nas competências digitais, orientação e redes de negócios. Além disso, apelaram a uma melhor recolha e comunicação de dados desagregados por género pelos sectores público e privado, a fim de ajudar a medir o impacto das reformas políticas nas mulheres empresárias.
A Cimeira é a primeira do seu tipo para a We-Fi, uma parceria global entre 14 governos doadores, oito bancos multilaterais de desenvolvimento e outras partes interessadas do sector público e privado, criada em outubro de 2017 e sediada no Grupo Banco Mundial. Os governos doadores comprometeram-se até agora com mais de US$350 milhões para apoiar as atividades da We-Fi.
Em abril de 2018, o Grupo Banco Mundial e o Banco Islâmico de Desenvolvimento estavam entre os beneficiários da primeira ronda de financiamento da We-Fi para apoiar as PME lideradas e detidas por mulheres, muitas das quais estão em África. A primeira alocação de US$120 milhões deverá mobilizar mais de US$1,6 mil milhões em financiamentos adicionais do sector privado, doadores, governos e outros parceiros de desenvolvimento.
Citações:
"Congratulo-me com o facto da Costa do Marfim ter acolhido a primeira Cimeira Regional para a iniciativa para o Financiamento das Mulheres Empresárias Cimeira (We-Fi)", disse Sua Excelência Alassane Ouattara, Presidente da República da Costa do Marfim. "As mulheres desempenham um papel tão crítico como os homens no crescimento da nossa economia. Estou confiante de que desta cimeira resultarão ações concretas e maiores oportunidades para o empreendedorismo das mulheres em toda a África Ocidental.”
"Foi uma honra para mim juntar-me aos nossos parceiros We-Fi e inspirar empresários num diálogo significativo com os líderes da África Ocidental sobre a capacitação económica das mulheres. A Casa Branca, e todo o governo dos EUA, apoia firmemente o objetivo de fortalecer economicamente 50 milhões de mulheres através do W-GDP até 2025 e, ao fazê-lo, defendendo os valores americanos da liberdade e igualdade em todo o mundo. Esta missão é crucial para a paz e a estabilidade das Nações e é alcançável se concentrarmos os nossos esforços colaborativos na formação para o emprego, o empreendedorismo e em quebrar as barreiras jurídicas e culturais que impedem as mulheres de atingirem o seu pleno potencial económico", disse Ivanka Trump, Assessora do Presidente dos Estados Unidos da América.
"Em África, as mulheres são mais propensas do que os homens a serem empreendedoras, mas enfrentam barreiras entrincheiradas que dificultam o seu sucesso", disse Kristalina Georgieva, CEO do Banco Mundial. "Ao ajudar a enfrentar os constrangimentos financeiros, sociais e jurídicos, a We-Fi pode ajudar a libertar o enorme potencial das mulheres empresárias como força para a criação de emprego e o crescimento económico.”
"Através do programa Ação Financeira Afirmativa para as Mulheres em África (AFAWA), o Banco Africano de Desenvolvimento está a transformar os mercados financeiros reduzindo as classificações de risco dos empréstimos feitos às mulheres no continente. Convidamos todas as partes interessadas a juntarem-se a nós e fazerem parte desta iniciativa de mudança transformadora que resultará numa maior capacitação das mulheres", disse o Presidente do Grupo Banco Africano de desenvolvimento Akinwumi A. Adesina.
Apoiar as mulheres empresárias exige soluções abrangentes que se concentrem na inovação, cadeias de valor e utilização do financiamento Islâmico. Devemos considerar as mulheres empresárias como parceiras das instituições financeiras de desenvolvimento e não como beneficiárias de financiamento. O nosso papel pode, portanto, ser o de incubar e capacitar os seus negócios, não apenas fornecer financiamento", disse o Presidente do Grupo Banco Islâmico de Desenvolvimento Bandar M. H. Hajjar.
"A CEDEAO congratula-se com a iniciativa We-Fi e os Estados-Membros apoiam-na plenamente", disse o presidente da CEDEAO, Jean-Claude Brou. "Além dos vários programas e projetos em curso a favor das mulheres empresárias, os países membros da CEDEAO trabalharão com o Secretariado da We-Fi para implementar as ações e reformas necessárias para promover ainda mais o empreendedorismo feminino em todos os sectores da região."