Desaceleração e mudança de perfil econômico do país asiático podem impulsionar crescimento, comércio e investimentos nacionais
Brasília, 14 de julho de 2014 – Contrariamente à percepção popular, a desaceleração do crescimento e as mudanças estruturais na China não representam necessariamente uma ameaça à economia brasileira. Ao contrário, o Brasil pode ter bastante a ganhar, é o que revela o relatório Implicações de uma China em Transformação: Oportunidades para o Brasil? apresentado pelo Banco Mundial em seminário realizado hoje em Brasília, com a participação do Ministro Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, e Renato Baumann, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
Segundo o estudo, as transformações na China podem representar uma oportunidade para o Brasil dinamizar o crescimento econômico que diminuiu nos últimos anos. À medida que a China continua a desacelerar, reequilibrar sua economia e aumentar a sofisticação de suas exportações, o Brasil pode aumentar a sua competitividade para se adaptar às novas condições, e tornar-se uma das fontes de importações chinesas com maior crescimento, em até 12% ao ano até 2030, apresentando oportunidades para todos os setores da economia brasileira.
Mesmo com a esperada desaceleração, a ampla base de crescimento da China deve continuar oferecendo oportunidades de comércio e investimento para que o Brasil e outros países continuem a aproveitar a forte procura da China por importações, inclusive de produtos e serviços, à medida que a renda dos consumidores chineses aumenta.
“As oportunidades podem surgir em todos os setores, considerando-se que os padrões de procura por importações da China deverão mudar, favorecendo os bens de consumo”, disse Deborah Wetzel, Diretora do Banco Mundial para o Brasil. “O Brasil pode aproveitar o reequilíbrio na China para aprofundar suas relações comerciais, inclusive em setores onde possui uma vantagem comparativa bem-estabelecida, como nas exportações de commodities, que estão entre as mais sofisticadas do mundo”.
Segundo o relatório, a procura chinesa por produtos agrícolas e alimentares pode vir a crescer 11% a 13% ao ano até 2030. O relatório indica também que o aumento do consumo na China nas próximas décadas deve criar novos mercados para importações, como o de serviços comerciais, que pode aumentar até 10% ao ano.
Ao mesmo tempo, a maior sofisticação da produção e das exportações chinesas pode aumentar a concorrência interna e externa com países de renda mais alta, como o Brasil. O estudo indica que o impacto sobre o setor manufatureiro do Brasil dependerá da inserção no mercado interno da China e da adaptação à nova concorrência de alto nível. Contudo, para a comunidade empresarial o aumento da concorrência pode incentivar o aumento da competitividade global e impulsionar o crescimento do Brasil, o que deve ter impacto global benéfico, com as exportações de produtos manufaturados brasileiros aumentando de 11 a 12 por cento ao ano.
Os benefícios em commodities, manufaturas e serviços dependerão da manutenção ou reforço das vantagens comparativas do Brasil nessas áreas. “O significado da ligação mais próxima do Brasil com a China no ponto até o qual as relações bilaterais poderiam contribuir para a transformação do lado da oferta da economia brasileira,” disse Philip Schellekens, Economista Sênior do Banco Mundial para o Brasil e principal autor do estudo. “Para tal, o Brasil precisa continuar acelerando os seus investimentos em infraestrutura e capital humano, e fortalecendo o seu ambiente de negócios. Os benefícios podem ser altamente gratificantes, já que as mudanças na China oferecerão ao Brasil a oportunidade de aumentar a produtividade em todos os setores de sua economia.”
Além de reformas internas, o relatório argumenta que melhorias nos ambientes de comércio e investimento no Brasil e na China poderiam trazer benefícios para ambos os países. China e Brasil impõem barreiras comerciais mais elevadas sobre os produtos em que o outro tem vantagem comparativa, o que abre espaço para uma redução das tarifas e barreiras não tarifárias. Isso impulsionaria principalmente a capacidade do Brasil de diversificar as exportações de maior valor agregado para a China.
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