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COMUNICADO À IMPRENSA

Não obstante a desaceleração mundial, as economias africanas registam um crescimento sólido ― o Banco Mundial insta aos países que utilizem a nova riqueza em petróleo, gás e minérios de forma sensata

4 de outubro de 2012




WASHINGTON, 4 de Outubro de 2012 – Prevê-se que o crescimento da África Subsariana em 2012 seja de 4,8 por cento, mantendo-se, em termos gerais, inalterado em relação à taxa de crescimento de 4,9 registada em 2011 e em larga medida a par dos objectivos, apesar da instabilidade na economia mundial, de acordo com o novo Africa’s Pulse do Banco Mundial, uma análise bianual das questões que influenciam as perspectivas económicas em África.

Excluindo a África do Sul, a maior economia do continente, a previsão de crescimento na África Subsariana deverá ascender a 6 por cento. As exportações africanas recuperaram de maneira notável no primeiro trimestre de 2012, registando um crescimento a um ritmo de 32 por cento, um aumento comparativamente aos 11 por cento registados no primeiro trimestre de 2011.

Os países africanos não têm sido imunes às recentes condições de volatilidade do mercado resultantes da crise da Área do Euro, assim como ao abrandamento do crescimento de algumas das maiores economias em desenvolvimento, em particular a China, país que continua a ser um mercado importante para os exportadores de recursos minerais africanos.

No entanto, os preços sistematicamente elevados das matérias-primas e o forte crescimento em exportações nos países que fizeram descobertas minerais nos últimos anos, fomentaram a actividade económica e prevê-se que escorem o crescimento económico em África para o resto de 2012.  

Um terço dos países africanos terá um crescimento igual ou superior a 6 por cento, sendo alguns dos que registam um crescimento mais rápido estimulados por novas exportações de recursos minerais, tais como minério de ferro na Serra Leoa e urânio e petróleo no Níger, e por factores como a consolidação da paz na Costa do Marfim, bem como países com um forte crescimento, como a Etiópia”, afirmou o Vice-Presidente do Banco Mundial para África, Makhtar Diop. “O forte e continuado interesse dos investidores em África é um indicador importante dos avanços neste continente, com USD 31 mil milhões em fluxos de investimento directo estrangeiro previstos para o ano corrente, não obstante as difíceis condições mundiais”.    

Com a economia mundial ainda numa situação de fragilidade, o Africa’s Pulse adverte que as elevadas taxas de crescimento em África podem ainda ser vulneráveis à deterioração das condições do mercado na zona Euro. Ademais, as recentes altas nos preços de alimentos e grãos são causa de preocupação. O Verão inaudito, quente e seco, nos Estados Unidos, Rússia e Europa de Leste, teve como consequência produções reduzidas de milho e trigo em todo o mundo. A região africana do Sahel está já a sofrer com os preços mais elevados dos alimentos, as elevadas taxas de subnutrição e com a recorrência da crise e insegurança.

Além disso, os enxames de gafanhotos do deserto e o actual conflito no Sahel contribuem também para a insegurança alimentar na região. Países como o Mali e o Níger estão já a sofrer as consequências das infestações de gafanhotos, sendo possível que o enxame se desloque para os países vizinhos como a Mauritânia e o Chade. Isto reduziria a capacidade das famílias de encontrar alimentos suficientes numa região que já é assolada pelos efeitos de secas e conflitos.

Nova riqueza de recursos minerais a aumentar

Segundo o último número do Africa’s Pulse, as novas descobertas de petróleo e de gás, e de outros recursos minerais, em países africanos, irão gerar uma vaga de riqueza significativa em recursos minerais na região, e a relevância económica de recursos naturais deverá continuar a médio prazo em diversos produtores estabelecidos de petróleo e minerais, graças ao stock substancial de riqueza de recursos naturais e às perspectivas da continuação da alta dos preços das matérias-primas.

Os produtores petrolíferos estabelecidos da região representam menos de 10 por cento das reservas mundiais, bem como da produção anual. A Nigéria, o maior produtor regional, pode continuar a fornecer a níveis equivalentes aos de 2011 por mais 41 anos, enquanto a Angola, o segundo maior produtor na região, resta-lhe cerca de 21 anos aos níveis actuais de produção até se esgotarem as suas reservas conhecidas.

Dado o volume destas reservas, é provável que a dependência de recursos petrolíferos nestes países deva prosseguir a curto e médio prazo. A produção em países com novos recursos minerais, como o Gana, Moçambique, Serra Leoa e Uganda, tem também capacidade para durar por um número significativo de anos.

A quota-parte das reservas de países africanos nas reservas mundiais e na produção anual de alguns recursos minerais é significativa. Em 2010, a Guiné, por si só, foi responsável por mais de 8 por cento da produção mundial total de bauxite; a Zâmbia e a República Democrática do Congo contam com uma parcela conjunta de 6,7 por cento da produção total mundial de cobre; e o Gana e o Mali, em conjunto, constituem 5,8 por cento da produção total mundial de ouro.  

“Os países africanos ricos em recursos têm de tomar a decisão consciente de investir em melhor saúde, educação e na criação de emprego, assim como na redução da pobreza dos seus povos, já que isto não acontece automaticamente quando os países enriquecem”, afirma Shantayanan Devarajan, Economista Chefe do Banco Mundial para África, e principal autora do Africa’s Pulse. “O Gabão, por exemplo, com um rendimento médio per capita de US 10.000 tem uma das taxas mais baixas de imunização infantil de África”.

África está a tornar-se um continente de 'rendimento médio'? 

Na sua análise ampla de novos desenvolvimentos em África, o novo relatório observa que após dez anos de crescimento elevado, um número crescente de países está a passar para o estatuto de ‘rendimento médio', definido pelo Banco Mundial como os países que alcançam um rendimento superior a USD 1.000 per capita.

Dos 48 países africanos, 22 destes, com uma população combinada de 400 milhões de habitantes, alcançaram oficialmente o estatuto de rendimento médio; enquanto outros 10 países, que somam 200 milhões de habitantes, alcançariam actualmente o estatuto de rendimento médio em 2025 se as tendências actuais de crescimento se mantiverem ou se houver algum crescimento moderado e estabilização em países como os Comoros e o Zimbabué.

Outros sete países, que acolhem 70 milhões de pessoas, poderão alcançar este marco se gerarem um crescimento económico de sete por cento nos próximos anos. Por exemplo, a Serra Leoa poderia crescer a esta taxa em consequência da sua recente expansão na exploração mineira. Dez países africanos, considerados estados ‘frágeis' e afectados por conflitos, e com uma população combinada de 230 milhões de habitantes, não têm praticamente qualquer possibilidade de alcançar o estatuto de rendimento médio até 2025.

África cada vez mais urbanizada

O Africa’s Pulse observa também que África, com um rápido crescimento populacional, regista um acelerado desenvolvimento da urbanização, o que tem implicações profundas para as oportunidades socioeconómicas no continente. Nenhum país alcançou o estatuto de rendimento elevado com um baixo nível de urbanização. Actualmente, 41 por cento dos africanos vivem em cidades, com um aumento de um por cento a cada dois anos. Em 2033, África – tal como o resto do mundo – será um continente primordialmente urbano. A urbanização e o desenvolvimento andam a par.

As taxas de pobreza no continente têm vindo a decair mais do que um ponto percentual por ano e, pela primeira vez, entre 2005 e 2008, o número absoluto de pessoas a viver com USD 1,25 por dia baixou. A taxa de mortalidade infantil está também a diminuir.

Para ler a versão na íntegra, em inglês, do Africa’s Pulse, visite: https://siteresources.worldbank.org/INTAFRICA/Resources/Africas-Pulse-brochure_Vol6.pdf

E para ver mais sobre o trabalho de desenvolvimento do Banco Mundial em África, visite: www.worldbank.org/africa

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COMUNICADO À IMPRENSA Nº
2013/097/AFR

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