Até ao ano de 2030, metade das pessoas do mundo em situação de pobreza habitarão em ambientes de fragilidade em vários países — a maior parte dos quais são na África Subsariana. No âmbito do Plano de Capital Humano de África, o Banco Mundial renovou o seu compromisso com o fornecimento de um apoio reforçado e mais personalizado para resolver os motores da fragilidade, do conflito e da violência em alguns países africanos e amortecer os impactos no capital humano. Para tal, o Banco Mundial preparou um montante de USD 2 500 milhões em novos investimentos nos países frágeis no ano fiscal de 2020 – com um enfoque nos impactos distintos em mulheres e homens.
Por exemplo, um projecto multissectorial no valor de USD 500 milhões na República Democrática do Congo está a aumentar o uso de intervenções específicas e sensíveis à nutrição para 2,5 milhões de crianças e 1,5 milhões de mulheres grávidas e lactantes. Nos Camarões, o projecto proposto de USD 125 milhões, o Projecto de Desenvolvimento de Competências e do Ensino Secundário, deverá aumentar o acesso equitativo ao ensino geral e formação técnica de qualidade, especialmente para as raparigas.
Alavancar a Tecnologia e a Inovação
Nos vários sectores da região estão a verificar-se bons resultados quando se colocam as pessoas no centro das intervenções de tecnologia e de outras invenções como a mudança de comportamentos. Hoje em dia, com o encerramento das escolas numa grande parte dos países africanos devida à COVID-19, o ensino à distância numa abordagem multiplataformas é fulcral para uma melhor reconstrução para um novo normal. No estado de Edo, na Nigéria, por exemplo, o programa EdoBEST existente está a ser reorientado para ajudar a preparar os alunos para o próximo ano escolar em Setembro 2020 — utilizando pacotes de auto-aprendizagem e testes interactivos distribuídos através de WhatsApp, rádio, telemóveis e canais online. E outras lições sobre o uso de tecnologia para alcançar todos os alunos estão a emergir na região.
“Na resposta da Serra Leoa à COVID-19, guiamo-nos por uma estratégia digital e de inovação nacional ”, afirmou David Sengeh, Ministro do Ensino Básico e Secundário e Responsável pela Inovação de Serra Leoa. “Essa estratégia tem dois princípios: sistemas móveis e híbridos que intencionalmente conquistam toda a gente. E, é claro, a tecnologia tem de ser combinada com a empatia e comunicação humana e um entendimento de que é no interesse de todos equacionar a actual crise na educação.”
Entretanto, nos Camarões, um projecto de uma universidade apoiada pelos Africa Centers of Excellence (ACE) está a utilizar técnicas de impressão 3D para imprimir máscaras faciais. Na Costa do Marfim e na Guiné, o Projecto de Identificação Única para a Integração e Inclusão Regional da África Ocidental está a aumentar o número de pessoas com identidade reconhecida pelo governo que lhes dá acesso a serviços básicos para proteger e criar o seu capital humano. Adicionalmente, tecnologias tais como blockchain, inteligência artificial e aprendizagem automática (machine learning) estão também a impulsionar a realização de projectos e serviços para as pessoas em toda a região. E a Geo-Enabling Initiative for Monitoring and Supervision—que fornece dados geolocalizados centrados em países frágeis —está presentemente a ser utilizada em 450 projectos em cerca de 30 países.
Salvaguardar Resultados, Responder à Pandemia
O capital humano de África está a ser duramente atingido pela COVID-19. Perderam-se vidas; fecharam-se escolas; e enquanto os hospitais lutam para lidar com a afluência de novos pacientes, as taxas de vacinação estão em queda e a mortalidade materna está a aumentar. Acresce que os dados indicam que os países com acesso difícil a instalações básicas de lavagem de mãos estão concentrados na África Subsariana. A pandemia também vem na sequência de sérias ameaças à segurança alimentar, resultado de doenças generalizadas e de pressões de pragas.
Com base no seu Plano de Capital humano transectorial, a região África do Banco Mundial está a responder à crise COVID-19 com uma rapidez e escala sem precedentes. A resposta de emergência da saúde, já em curso, apoia os países em matéria de prevenção, detecção e tratamento da doença, prevendo-se um financiamento do Banco Mundial na região África superior a USD 1 000 milhões. O Grupo Banco Mundial está a disponibilizar recursos de USD 160 000 milhões para resposta à crise ao longo de 15 meses, dos quais USD 50 000 milhões serão para a África Subsariana.
A pandemia também revelou os benefícios dos investimentos anteriores em capital humano. Os países, que investiram nas pessoas e sistemas que os apoiam, estão mais bem preparados para dar resposta. Por exemplo, na Etiópia, o Segundo Projecto de Saneamento e Abastecimento de Água nas Zonas Urbanas em curso foi urgentemente mobilizado com o objectivo de apoiar a afectação de pessoal, recursos e transporte para os serviços de abastecimento de água durante a pandemia. No Senegal, o Programa para a Competitividade da Agricultura e Pecuária do País irá dinamizar a produtividade agrícola e pecuária, aumentando a resiliência e as receitas para os agricultores e criadores de gado. E no Quénia, o Hospital de Referência do Condado de Wajir começou por ser uma modesta unidade hospitalar de um só quarto e passou para uma instalação de última geração que é, actualmente, um dos cinco laboratórios designados para a realização de testes à COVID-19.
Estes exemplos mostram que o investimento em capital humano não só oferece elevadas taxas de retorno, como também é um seguro inteligente contra a adversidade presente e futura.
“A crise COVID-19 encoraja-nos a manter o rumo”, disse o Vice-Presidente Hafez Ghanem. “Não podemos deixar que os desafios da nossa vida se tornem o fardo da próxima geração”.