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REPORTAGEM17 de maio de 2024

Preservar os Tesouros da Amazônia

The World Bank

Foto: Lucas Bustamante/CI-Ecuador

DESTAQUES

  • A região amazônica abriga 10% das espécies conhecidas do mundo, e ainda há muito a ser descoberto.
  • Muitas espécies amazônicas estão ameaçadas pela perda de habitat, crimes ambientais como a caça furtiva e outras atividades humanas.
  • O Programa Paisagens Sustentáveis da Amazônia possui projetos em sete países da região, trabalhando em conjunto com as comunidades para enfrentar esses problemas.

A Amazônia é um exemplo da imensa biodiversidade do nosso planeta. A região abriga 10% das espécies conhecidas do mundo, e ainda há muito a ser descoberto. As espécies de animais e plantas que habitam a Amazônia contribuem para o seu delicado equilíbrio. A biodiversidade gera bens e serviços ecossistêmicos que são a base das economias da região amazônica, proporcionando acesso a alimentos, água, moradia, energia e até mesmo medicamentos. Também desempenha um papel fundamental na regulação do clima, na prevenção da erosão do solo e na polinização, processos que sustentam o funcionamento do ecossistema e ajudam a mitigar os impactos das mudanças climáticas. No entanto, diversas ameaças como perda ou fragmentação de habitats, desmatamento e degradação, além de crimes ambientais, colocam essas espécies em risco, o que exige ação imediata. 

Hoje, no Dia das Espécies Ameaçadas, destacaremos três espécies emblemáticas da região que enfrentam ameaças iminentes e algumas ações realizadas por projetos do Programa Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL) liderado pelo Banco Mundial com recursos do Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF, em inglês).

Boto cor-de-rosa (Inia geoffrensis):

The World Bank

Foto: Coulanges/Shutterstock

Também conhecido como boto-vermelho, golfinho rosa, toninha, bufeo ou bugeo, esta espécie desempenha o papel de espécie guarda-chuva, ou seja, sua presença é um indicador da saúde dos ecossistemas fluviais. Sua distribuição se estende pelo Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, e requer que seu habitat tenha uma conectividade em grande escala para garantir a viabilidade das populações. Atualmente, está classificado como espécie em perigo de extinção pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), devido à fragmentação de seu habitat, à construção de represas, à contaminação de rios e lagos por atividades extrativistas e à caça direta da espécie para serem usados como isca para a pesca de Mota ou Piracatinga (Calophysus macropterus). 

Diversos projetos e iniciativas estão trabalhando diariamente para preservar a o boto-cor-de-rosa e seus habitats. No Peru, o projeto "Assegurando o Futuro das Áreas Naturais Protegidas do Peru", com apoio técnico da WWF e implementação pelo Serviço Nacional de Áreas Naturais Protegidas pelo Estado do Peru (SERNANP), lançou uma iniciativa para que o público possa contribuir para a conservação da Reserva Nacional Pacaya Samiria no departamento de Loreto, que abriga uma ampla população de boto-cor-de-rosa . Sob o nome ‘Naturaleza que cuido’’ (Natureza que Cuido), esta iniciativa facilita doações destinadas a apoiar esta reserva. 

Em nível regional, desde 2006, existe a iniciativa de Estimativa de Abundância de Botos de Rio da América do Sul, liderada por organizações locais nos seis países onde a espécie está presente. Esta iniciativa percorreu os principais rios das bacias Amazônica e Orinoco, contando animais e registrando informações sobre a conservação de seu habitat. Esses dados promoveram atividades para a criação de planos de ação, ampliação de áreas protegidas e estabelecimento de corredores biológicos para estas espécies, além da medição da saúde dos rios e monitoramento do estado de conservação dos boto-cor-de-rosa através do uso de tecnologias como rastreamento via satélite, e também do trabalho com as comunidades locais para controlar as atividades de pesca e reduzir os conflitos. 

A partir do ASL, são promovidas iniciativas de gestão em áreas de importância para esta espécie, como os Sítios Ramsar, fortalecendo a governança desses espaços por meio do estabelecimento de regras e condições para o uso e aproveitamento dos recursos pesqueiros destes locais.

Tartarugas:

The World Bank

Foto: José Caminha/Secom

A selva amazônica também é lar de diversas espécies de tartarugas, que desempenham papéis vitais para os ecossistemas. As espécies que se alimentam de frutas dispersam sementes em vastas áreas, auxiliando na regeneração da floresta e promovendo a diversidade vegetal. Outras tartarugas são onívoras e insetívoras, contribuindo para o ciclo de nutrientes tanto na água quanto na terra, ao se alimentarem de plantas, insetos, pequenos vertebrados e até de carniça. Elas também ocupam posições-chave na cadeia alimentar: as espécies maiores, como a tartaruga gigante, ou tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa), protegem as populações de presas, enquanto as menores servem de alimento para outros animais. 

Diversas espécies de tartarugas amazônicas, como a Iaçá ou Pitiú (Podocnemis sextuberculata), o Tracajá ou Taricaya (Podocnemis unifilis) e o Tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa), enfrentam ameaças crescentes, como perda de habitat, tráfico ilegal e superexploração de sua carne, ovos e óleo, levando à inclusão delas na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Felizmente, existem diversas iniciativas para sua proteção e conservação. Por exemplo, em 2022, o projeto ASL-Brasil, com apoio do Banco Mundial, conseguiu, através de ações de monitoramento, liberar 280 mil filhotes de tartaruga, aumentando suas chances de chegar à fase adulta. Isso é crucial, pois, devido à caça e aos predadores naturais, de cada mil filhotes liberados, apenas 1 ou 2 chegam à fase adulta. Através do mesmo projeto, foi possível incentivar as comunidades a iniciar a criação sustentável em piscinas artificiais.

 Jaguar (Panthera onca):

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Foto: Lucas Bustamante/CI-Ecuador

O jaguar, uma das maiores espécies de felinos do mundo, desempenha um papel essencial no equilíbrio ecológico como superpredador, e tem um papel importante também a nível cultural, sendo um elemento significativo na cosmovisão dos povos indígenas amazônicos. Infelizmente, a fragmentação de seu habitat, a caça furtiva e os conflitos entre humanos e vida selvagem ameaçam sua existência. Atualmente, a Amazônia abriga quase 90% da população total de jaguares, cerca de 57 mil animais (Quigley et al., 2018). As iniciativas de conservação, incluindo patrulhas contra caça furtiva com participação comunitária, bem como a restauração de corredores ecológicos, são essenciais para garantir a sobrevivência desta espécie icônica. 

O projeto "Corredores de conectividade em duas paisagens prioritárias na região amazônica equatoriana", parte do ASL com apoio técnico da Conservation International, contribuirá para melhorar a proteção das florestas nas principais paisagens de Yasuni-Limoncocha e Palora-Pastaza no Equador e inclui atividades específicas para a preservação do habitat de espécies como o jaguar e do corredor que permite sua mobilidade. 

O boto-cor-de-rosa, as tartarugas amazônicas e o jaguar são apenas algumas das espécies emblemáticas da biodiversidade da Amazônia, e sua sobrevivência depende de ações de conservação em nível regional e de um esforço conjunto entre governos locais, organizações não governamentais, instituições acadêmicas e comunidades locais.

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