Até semanas atrás, os agricultores familiares da Cooperativa de Jovens de Água Fria, na Bahia, desconheciam softwares de código aberto, alteráveis por qualquer pessoa. Tampouco tinham ouvido falar de blockchain, uma espécie de livro contábil público, que guarda – de forma permanente e à prova de violação – os registros das transações online. Mas, desde que descobriram o potencial dessas tecnologias para alavancar seus negócios, tornaram-se fãs.
Eles estão entre os primeiros usuários de um aplicativo criado para facilitar a aquisição de bens, serviços e obras pelas associações e cooperativas de agricultura familiar da Bahia e do Rio Grande do Norte. .
Por meio do app – disponível para Android e Apple Store –, as assinaturas de contratos se tornam digitais, poupando tempo e papel para compradores e fornecedores. O código aberto e a tecnologia blockchain oferecem segurança e capacidade de auditoria a todos os negócios realizados.
“Para nós, essas tecnologias são algo nunca visto. Estávamos até receosos de não conseguir trabalhar com o sistema, mas ele é muito fácil e já queremos usá-lo para tudo”, conta Rafael Borges, presidente da Cooperativa de Jovens de Água Fria. Por meio do sistema, a organização comprou notebook, impressora e GPS, e está de olho em equipamentos para a criação de galinhas caipiras.
Década da Agricultura Familiar
Essa mudança na maneira de fazer negócios se tornou possível com uma parceria entre o Banco Mundial e os governos da Bahia e do Rio Grande do Norte e faz parte de uma necessária transformação no campo. “Os agricultores familiares produzem 80% dos alimentos em todo o mundo e gerenciam ¾ dos recursos naturais do planeta, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Com celulares, internet, aplicativos e outras ferramentas, eles conseguem ter mais acesso a dados e tomar melhores decisões, como enfatiza o relatório Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na Agricultura, publicado em 2017 pela instituição.