Quanto custa um maço de cigarros no comércio mais próximo de sua casa? Se você está na América Latina, é bem possível que o valor não seja alto a ponto de fazer você desistir da compra.
Atualmente, só 33 países em todo o mundo, dos quais apenas um latino-americano (o Chile), impõem impostos que representem mais de 75% do preço de um maço no varejo, conforme recomendado pela OMS para desestimular o consumo.
O baixo preço do tabaco, porém, traz um alto custo para os sistemas de saúde da região: cerca de US$ 33 bilhões, equivalente a 0,5% do produto interno bruto (PIB) da região e a 7% de tudo o que América Latina gasta em saúde a cada ano.
Na região, os sistemas de saúde do Chile (0,86% do PIB), da Bolívia (0,77%), da Argentina (0,70%), da Colômbia (0,57%) e do Brasil (0,51%) são os mais impactados pelo tabagismo, segundo a Organização Panamericana da Saúde, órgão regional da Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS). E, até o momento, a arrecadação fiscal obtida com a venda de cigarros não cobre nem a metade de tais custos.
É por todos esses motivos que a tributação – medida fiscal para proteger a população dos riscos causados pelo consumo – se tornou um dos temas mais importantes deste 31 de maio, Dia Mundial Sem Tabaco, em que a OMS e variadas instituições discutem as políticas mais eficazes para prevenir os impactos do tabagismo sobre o desenvolvimento.
O objetivo mais importante do aumento de impostos é encarecer os cigarros, reduzir o consumo e, portanto, o risco de as pessoas adoecerem e morrerem prematuramente por causa dos males relacionados ao uso do tabaco. Mas, como tem sido observado em diferentes países, também é uma forma de levantar recursos para melhorar a capacidade fiscal dos governos e financiar investimentos capazes de beneficiar toda a população.
“O efeito sobre a saúde e as contas públicas ajuda a convencer os governos de que os impactos podem ser substanciais se eles agirem com firmeza”, comenta Patricio Márquez, especialista em saúde pública do Banco Mundial. Ele lembra que o consumo de tabaco é um fator de risco para seis das oito principais causas de morte no mundo, pois a substância prejudica todos os órgãos vitais do corpo.
Mais impostos: a solução?
Aumento de impostos costuma ser uma questão polêmica em todo o mundo, mas os estudiosos na área têm argumentos cada vez mais sólidos para defendê-la. Estudos recentes em países como Armênia, Chile, China e Estados Unidos evidenciam que incrementar o preço dos cigarros é vantajoso principalmente os cidadãos de menor renda.
"Ao diminuir o consumo, essa população recebe de 1,5 a 10 vezes mais benefícios para a saúde do que o valor pago em impostos, pois cai o risco de adoecer e precisar fazer tratamentos caros, que muitas vezes são pagos do bolso das pessoas, especialmente em países onde não há cobertura de saúde universal", disse Márquez.
Tais custos são capazes de empurrar as famílias para a pobreza extrema, porque podem ser expressivos nos casos de câncer, doenças cardiovasculares e enfisema pulmonar, acrescenta.