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REPORTAGEM

Escolas de Campo para Agricultores abrem Caminho para Melhores Perspectivas Agrícolas em Angola

2 de maio de 2017


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Lina Balanda, a participação numa escola de campo para agricultores significou para Lina Balanda poder construir uma casa com o dinheiro da sua produção.


DESTAQUES DO ARTIGO
  • Produção de batatas, feijão, mandioca e milho cresceu em resultado de um projecto financiado pelo Banco Mundial nas províncias de Bié, Huambo e Malanje
  • Uma Angola rica em petróleo labuta nas fainas agrícolas, fazendo da agricultura de tipo familiar a chave da sua segurança alimentar
  • 56 por cento dos participantes no projecto das escolas de campo para agricultores, eram mulheres.

LUANDA, 2 de Maio de 2017 - Barnabé Chico Saguale é o presidente de uma escola para agricultores do Bié, uma província situada mesmo no centro de Angola. Afirma ele que aprendeu muito nesta escola de campo que, até Março 2016, foi patrocinada por um projecto financiado pelo Banco Mundial, em três províncias de Angola: Bié, Huambo e Malanje.

Um ano após o termo do Projecto de Desenvolvimento para Pequenos Agricultores Orientado para o Mercado (MOSAP, sigla em inglês), visitámos alguns dos agricultores que nele tomaram parte, como Saguale e vimos, por nós próprios, o impacto alcançado. O projecto ensinou aos agricultores a dar valor ao tempo e ao esforço que tinham empenhado na sua produção, antes de a levarem ao mercado. Antes do projecto, não costumavam ter em conta o tempo passado a trabalhar nos seus terrenos – a preparar a terra, plantar as sementes, arrancar as ervas e manter as produções com fertilizantes, contou-nos Saguale.

Não atribuíam um valor ao conjunto do processo de produção, mas agora já o sabem fazer. Isto significou que, em termos de lucro, passaram a saber se estavam a ganhar ou a perder, antes de irem vender os seus produtos, pois agora já sabem quanto tinha custado a sua produção. Isso ajudou-os a venderem os produtos das suas terras com lucro e assim sustentar o seu ciclo de produção.

Anteriormente, dizem os agricultores, levavam os seus produtos ao mercado e vendiam-nos a um preço irrisório, eram quase dados.  Agora, já se sentiam capazes de manter os seus preços quando os clientes queriam comprar coisas a preço muito baixo.

Ainda que as posições de liderança, nas escolas de campo para agricultores, sejam geralmente assumidas por homens, no âmbito das associações de agricultores, o projecto foi, na generalidade, bastante equilibrado em termos de género: cerca de 56% dos participantes nas escolas para agricultores foram mulheres. “O projecto conseguiu, com êxito, direccionar-se e apoiar a participação feminina” disse Aniceto Bila, o principal coordenador do Banco Mundial, no âmbito do projecto.

Conduzir uma motocicleta, sinal de sucesso para uma mulher

A nível individual, a vida das pessoas mudou de forma significativa, em resultado da participação no projecto.

“Sou uma mãe solteira, mas agora tenho a minha própria casa, que construí com o meu próprio dinheiro, que ganhei com os meus produtos,” diz Lina Balanda, membro de uma escola para agricultores na província de Huambo.  Mulher enérgica e dinâmica, ela gostaria de ser a primeira mulher do projecto a comprar uma motocicleta e ir com ela ao mercado.

Embora as motocicletas sejam comuns em Angola, raramente são conduzidas por mulheres e por isso Lina Balanda mal pode esperar por mostrar ao mundo que as mulheres na Angola rural também estão a trabalhar para sair da pobreza.

Angola é um país rico em recursos, o seu crescimento económico tem sofrido apenas pelo legado da guerra civil e a pouco equilibrada exploração dos seus recursos naturais. A agricultura contribui, em média, apenas 5,5% para o seu PIB, mas 44% dos angolanos que têm emprego trabalham no sector.

Mesmo numa Angola rica em petróleo, a agricultura de pequena dimensão tem uma importância vital

Cerca de 80% dos agricultores do país são pequenos proprietários e enfrentam muitas dificuldades, inclusive o desconhecimento de práticas agrícolas mais eficientes e a nova tecnologia agrícola; fraco acesso a serviços de extensão, bem como a sementes e fertilizantes; e escassa informação de mercado.

O projecto MOSAP apoiou os seus beneficiários com formação e novas tecnologias, melhorando as suas competências organizacionais e de marketing, melhorando o acesso a serviços de assistência e insumos agrícolas. Apoiou também um reforço das organizações de agricultores.

Cerca de 725 escolas de campo agrícolas foram criadas pelo projecto.

O projecto foi concebido para se ajustar à Estratégia para a Redução da Pobreza (PRSP, sigla em inglês) de Angola, que destacou o desenvolvimento rural que incidiu sobre o desenvolvimento rural com particular enfoque na segurança alimentar e na revitalização da economia rural. Quando chegou ao seu final, tinha dado formação a mais de 50.000 pequenos proprietários agrícolas, ajudando-os a aumentar a produção das principais culturas contempladas no projecto.

Em resultado, a média da produção de batatas, milho, feijão e mandioca, cresceu em 90, 80, 40 e 17 por cento, respectivamente.

Para incrementar os resultados do MOSAP,  de forma a incluir mais regiões de Angola e mais beneficiários, um novo projecto agrícola para pequenos proprietários foi aprovado pela  Direcção do Banco Mundial em Julho 2016 e iniciado na província de Bié, em Março.

Para além de fazer a capacitação de pequenos proprietários, o Projecto de Desenvolvimento e Comercialização Agrícola para Pequenos Proprietários (SADCP, sigla em inglês) no sentido de reforçar a capacidade do Ministério da Agricultura nas áreas de estatísticas, análise de políticas, informação de mercado, desenvolvimento da irrigação e extensão agrícola.

Tornará também mais ponderadas as considerações ambientais e a agricultura adaptada ao clima, a incluir na concepção dos projectos, através da conservação dos solos, da gestão integrada de recursos naturais e a utilização mais eficiente da água. 


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