A seleção verde-amarela, que estreia na Copa do Mundo 2014 na próxima quinta (12/6), contra a Croácia, representa a ponta mais visível de um esporte tão desigual quanto a sociedade brasileira.
A elite da bola é jovem e globalizada: 17 dos 23 jogadores convocados estão disputando o torneio pela primeira vez e 18 jogam fora do país. A equipe também tem o maior valor de mercado de todas as participantes do torneio (1,6 bilhão de reais ou 703 milhões de dólares, segundo dados da consultoria Pluri).
Por tudo isso, histórias como as Neymar Jr. e Daniel Alves – entre outros que nasceram pobres e enriqueceram jogando bola – inspiram milhares de meninos a trilhar o mesmo caminho. Mas aí há um problema.
“Para quem tem talento e sorte, o futebol certamente é um caminho para fugir da pobreza. Só que apenas uma minoria consegue”, avalia o jornalista esportivo colombiano Luis Fernando Restrepo, ex-BBC, atualmente na DirecTV.
No Brasil, essa minoria – que ganha mais de 20 salários mínimos mensais, ou 6.380 dólares– soma exatos 2% dentre os quase 31.000 jogadores registrados pela Confederação Brasileira de Futebol em 2012. E, a 82%, cabe um rendimento mensal de no máximo dois salários mínimos.
Por outro lado, no resto da sociedade, a proporção de pessoas com menos de dois salários mínimos é de 68%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“A renda do brasileiro em geral ainda é baixa. Mas, no caso dos jogadores de futebol, chama a atenção o fato de ela ser ainda menor”, comenta Cláudia Baddini, especialista em proteção social no Banco Mundial.