Por que os novos empreendedores brasileiros preferem investir em comércio e serviços?
LUIZ BARRETTO - O setor de serviços é muito amplo, dinâmico e engloba atividades muito distintas entre si. Esses podem ser alguns dos motivos que explicam a atratividade desse setor. De serviços domésticos a serviços relacionados com a internet, o setor apresenta características próprias e específicas para cada perfil de negócio. Tudo isso vai depender do serviço, segmentação de clientes e mercado que se deseja alcançar. Além disso, a tendência global de aumento de consumo de serviços baseados na experiência, tendo a criatividade como um ingrediente diferencial, tem gerado novos modelos de negócios intensivos em inovação.
Quais são os negócios preferidos por quem investe em comércio e serviços? É o de alimentação ou se há algum outro?
Em serviços, os segmentos com a maior densidade empresarial no país são bares e restaurantes, com mais de 600 mil estabelecimentos em 2012. Já o segmento de beleza e estética contou no ano passado com aproximadamente 400 mil empreendimentos. Esses números refletem o aumento do poder aquisitivo e a mudança de hábitos da população, que passou a consumir mais alimentos fora do lar e a se preocupar mais com a estética. Além desses, outros segmentos de serviços que merecem destaque são os de transporte de carga, reparação veicular, organização de feiras e eventos, contabilidade, consultoria em gestão empresarial, serviços imobiliários, consultórios médicos e serviços prestados a empresas em geral.
É mais difícil crescer quando se está nesses setores? Por quê?
Não existe uma resposta padrão em razão da pluralidade do setor de serviços. De forma geral, o setor de serviços é intensivo em conhecimento e em pessoas e, por consequência, tem como principal gargalo para o crescimento a dificuldade de contratação de profissionais qualificados e os altos custos com encargos trabalhistas e tributários (esses últimos ainda são maiores do que os existentes no comércio).
Por outro lado, para quem está nos ramos de indústria e construção civil, é mais fácil crescer? Exportar? Investir em conhecimento, pesquisa, patentes, etc.?
Isso depende de variáveis que, muitas vezes, estão fora do domínio do cliente. O ramo da construção civil, por exemplo, depende do financiamento habitacional e de obras públicas e comerciais. Enquanto a indústria depende da capacidade de pagamento pelo cliente. Atualmente, quem mais financia o comércio são os fornecedores, enquanto o foco da exportação se dirige para indústria, agronegócio e um pouco de serviço. Já o investimento em conhecimento, pesquisas e patentes são demandas mais recorrentes da indústria.