Os empresários Yluska Rocha, 40 anos, e André Guimarães, 44, não são nada adeptos de relógios, pingentes e outros acessórios cintilantes. Ainda assim, andam “um brilho só”, nas palavras da piauiense. Eles são donos de um bufê de festas e, há quatro meses, finalmente conseguiram investir na prataria que lhes ajudará a avançar no competitivo mercado de casamentos de Brasília.
Por trás dos finíssimos talheres, existe a história de um casal que, em dezembro de 2009, montou um negócio em busca de melhores oportunidades profissionais. Aliás, como fazem cerca de 50% dos fundadores de pequenas empresas na América Latina, segundo o novo estudo Empreendedores Latino-americanos, do Banco Mundial.
Três anos depois da abertura, porém, eles se viram estagnados. “Precisávamos comprar utensílios em prata, os preferidos das noivas, e um caminhão para atender a mais eventos. Mas onde conseguir dinheiro para isso?”, lembra Yluska.
O casal encontrou a resposta nos agentes locais de inovação, profissionais oferecidos pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) que mostram maneiras de modernizar os processos e a gestão desses negócios. Depois de analisar o caso do bufê, a consultora apresentou aos donos uma série de programas de financiamento.
O Brasil, por sinal, é um dos países latino-americanos onde as novas empresas têm mais acesso a crédito (são 90%), de acordo com o estudo. Só perde para a Bolívia, onde esse percentual é de quase 100%.
E foi assim que os empreendedores conseguiram verbas para equipar o bufê. “Você precisa provar que vai investir aquele recurso corretamente. Depois de aprovar o nosso crédito, o pessoal do banco veio até a empresa, fotografou o caminhão e a prataria”, diz Yluska.
Com as novas aquisições, a expectativa para o próximo ano é aumentar em 30% o volume de negócios.
O desafio do crescimento
Yluska e André têm várias semelhanças com os donos dos 7,6 milhões de pequenos negócios brasileiros. Para começar, a empresa é de família (23% das registradas no Brasil são assim) e tocada pelos próprios fundadores, assim como 32% dos empreendimentos nacionais. Esses são os maiores percentuais encontrados na América Latina e no Caribe, segundo o relatório do Banco Mundial.
Os empreendedores brasileiros ainda têm em comum o fato de preferirem os setores de comércio (49% dos pequenos negócios) e serviços (31%) ante os de indústria (15%) e construção civil (5%). Os dois primeiros acabam saindo na frente por exigirem menos investimentos iniciais, por exemplo.
Em compensação, nem sempre as empresas dessas áreas têm condições de crescer, gerar mais empregos, investir em pesquisa e desbravar novos mercados.