Como em uma cena do filme de animação Rio, os bichos que andavam desaparecidos do Morro da Formiga começaram, pouco a pouco, a voltar à região. “Tenho visto canários, azulões, tucanos, macacos…”, deslumbra-se a líder comunitária Nilza Rosa. “Não deixo ninguém mexer nem prender porque eles fazem parte deste ambiente.”
O fenômeno que Rosa descreve é resultado do reflorestamento feito pelo marido – Dejair dos Santos, 66 anos – e pelos colegas. “Trabalho com isso há 25 anos e me orgulho muito”, ele comenta. As mudas que ele vem plantando desde então evitam a erosão do solo, o que costumava causar deslizamentos de terra fatais a cada vez que chovia forte no Rio.
“Fora isso, algumas áreas pegavam fogo facilmente, mas isso nunca mais aconteceu depois que substituímos o capim pelas árvores nativas da Mata Atlântica”, completa. Esse esforço, feito pelos próprios moradores da comunidade, não só ajudou a melhorar a biodiversidade e a diminuir os riscos de desastres no Rio: também permite à cidade resistir aos efeitos das mudanças climáticas.
Morro verde
As áreas reflorestadas apresentam um microclima fresco, algo bem-vindo em uma cidade tão quente e úmida quanto o Rio. As árvores ainda ajudam a reduzir a quantidade de dióxido de carbono no ambiente porque evitam que os poluentes subam até a atmosfera.
Para completar, a cidade ganha créditos de carbono. Eles tanto podem ser usados para compensar as próprias emissões de gases causadores de efeito estufa quanto para ser negociados em mercados internacionais de carbono – o que gera renda extra para o Rio de Janeiro.
Por todos esses motivos, a prefeitura da cidade e o Banco Mundial fizeram uma parceria para ampliar os esforços de reflorestamento nos morros do Rio, onde normalmente estão as favelas. Cerca de 1,2 milhão de pessoas (22% da população do município) vivem nelas. Desse total, cerca de 300 mil estão em condições insalubres, uma consequência direta do desmatamento urbano.
Para combater esse problema, 950 hectares de áreas degradadas foram replantados (desde 2010) com mudas cultivadas em viveiros locais. Esse trabalho faz parte da iniciativa Rio Capital Verde, liderada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC).