“Sem público, os meios públicos de comunicação não fazem sentido.” Essa frase, pronunciada por Luis Arroyo, coautor do libro Caixas Mágicas, ecoou com força no auditório da Empresa Brasil de Comunicação, em Brasília, onde foi realizado o IV Fórum Latino-americano de Mídias Públicas.
Tais meios de comunicação – com diferentes modelos de financiamento e distintos graus de dependência com relação ao poder –, precisam vencer em um mundo cada vez mais conectado e de cidadãos que, cada vez mais, usam as novas tecnologias para exigir melhores serviços.
Em meio a esse contexto, estudiosos, diretores de meios de comunicação e representantes de governos de toda a América Latina se reuniram para trocar experiências, analisar os diferentes modelos em vigor e pensar em possibilidades futuras de subsistência.
“Para o Banco Mundial, o pluralismo, a diversidade de vozes e de propriedade dos meios de comunicação de acordo com as circunstâncias de cada país são fundamentais para a participação ativa dos cidadãos”, disse Sergio Jellinek, gerente de comunicações do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, na abertura do Fórum.
Verbas e audiência
A necessidade de pluralismo ficou clara na apresentação de Enriqueta Cabrera e Cuarón, diretora geral da Once TV (México), que falou sobre recente reforma constitucional no país. O novo modelo coloca permite às emissoras públicas e privadas concorrer de igual para igual pelas verbas de publicidade.
E, por falar em recursos, o tema foi discutido durante a apresentação de Caixas Mágicas, livro cofinanciado pelo Banco Mundial, que reflete os pensamentos das três edições anteriores do Fórum.
“Gastar dinheiro para criar um canalzinho para ser visto por meia dúzia de gatos pingados, ou para que a primeira-dama ou o presidente vejam – e eles, a propósito, nem vão ver – é bobagem”, disse Luis Arroyo. Ele reforçou a importância de os meios de comunicação públicos criarem conteúdo para poder competir por verbas e, ao mesmo tempo, pela audiência.
O outro autor de Caixas Mágicas, Martin Becerra, reforçou: “A TV pública tem o desafio de ser vista como bem público, pois utiliza recursos da sociedade. Portanto, não pode se desenvolver como um espaço de propaganda política e precisa levar em conta a diversidade social, política, cultural, étnica, linguística e geográfica das sociedades latino-americanas.”