A água que abastece a região metropolitana de Vitória – onde vive mais da metade da população do Espírito Santo – percorre um longo caminho desde as serras do estado.
Nos últimos anos, essa água começou a descer cada vez mais contaminada por sedimentos e pesticidas, o que aumentou os custos de tratamento.
“Esse é o resultado de várias práticas nocivas nas fazendas da serra”, analisa Gunars Platais, especialista ambiental no Banco Mundial. Felizmente, esses costumes ainda podem ser modificados – e mudar comportamentos custa bem menos do que qualquer melhoria no sistema de água.
De que maneira o Espírito Santo vem fazendo isso? O estado recompensa os donos de terra que adotam práticas sustentáveis, como:
- Preservar e recuperar as áreas de Mata Atlântica. Todo o estado está dentro desse bioma, um dos que dispõem de maior biodiversidade no mundo. No entanto, devido ao desmatamento, sobraram apenas 11% de cobertura florestal -- e a maior parte está fragmentada, o que representa um risco à sobrevivência de várias espécies.
- Manter a cobertura florestal à beira dos rios e afastar o gado das margens dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória. Quando o gado é mal gerenciado, os rios podem acabar sendo contaminados por fezes e urina. Além disso, o desmatamento acelera a erosão da terra e pode aumentar a quantidade de sedimentos na água.
- Diminuir a quantidade de agrotóxicos usada nas plantações e/ou investir em agricultura orgânica.
Todas essas medidas ajudam a diminuir a poluição dos rios, com outra vantagem. “Se conseguirmos diminuir em 0.5% a quantidade de sedimentos, o governo do estado poderá economizar pelo menos R$ 1 milhão em tratamento de água”, explica o engenheiro florestal Marcos Sossai.
Ele e Platais, ao lado de especialistas do Banco Mundial e do governo estadual, vêm implementando um projeto que paga aos donos de terra uma quantia anual e variável – que permite a esses donos de terras investir em atividades sustentáveis.
Quando os fazendeiros se oferecem para participar, técnicos do projeto medem a área, fazem uma análise ambiental e estabelecem objetivos (e pagamentos) sob medida.
“Com o dinheiro, eles conseguem comprar mudas, construir cercas que afastam o gado da floresta, entre outras coisas”, descreve Sossai.