No Brasil, a hora de trabalho de uma mulher ainda vale um quarto a menos do que a de um homem. E essa diferença não tem a ver com a experiência ou o nível de educação dessas trabalhadoras. Pelo contrário: reflete a discriminação que ainda existe no mercado de trabalho, embora a Constituição garanta direitos iguais para homens e mulheres.
Um novo estudo do Banco Mundial mostra que, se essa desigualdade acabar, não só as brasileiras (mas toda a economia) sentirão os benefícios.
O relatório Igualdade de Gênero e Crescimento Econômico no Brasil (i) trabalha com uma série de leis hipotéticas e capazes de promover salários iguais entre homens e mulheres. A consequência imediata dessas leis é o aumento na renda familiar. Há também várias outras vantagens de longo prazo.
Quem ganha mais consegue poupar mais, o que traz um impacto direto no crescimento econômico e na arrecadação de impostos, segundo o estudo. Além disso, uma arrecadação mais alta pode dar origem a mais investimentos em saúde e educação, o que beneficia crianças e adultos.
“A longo prazo, a redução da desigualdade de gênero ajuda a melhorar a saúde das mulheres e traz um aumento de 0.15 ponto percentual na taxa de crescimento do produto”, dizem os economistas e autores Otaviano Canuto e Pierre-Richard Agénor. O primeiro deles é vice-presidente do Banco Mundial. O segundo, professor na Universidade de Manchester (Reino Unido).