Em 2012, os brasileiros entraram na lista dos 10 maiores compradores de tablets do mundo. Só no terceiro trimestre do ano, as vendas chegaram a 770 mil aparelhos, um aumento de 127% em relação ao mesmo período em 2011. A demanda por smartphones também está em alta: 4,2 milhões foram vendidos no país ao longo desses três meses, segundo a consultoria global IDC.
À medida que o consumo aumenta – em especial entre a nova classe média brasileira –, também cresce o risco de que os aparelhos sejam jogados fora inadequadamente ao ficarem obsoletos ou estragados.
“Esses equipamentos liberam resíduos tóxicos no ambiente, contaminando ar, água e solo”, explica Vanda Scartezini, uma das autoras de um estudo do Banco Mundial sobre o lixo eletrônico brasileiro. “Tais substâncias, como mercúrio e chumbo, também podem causar problemas de saúde em catadores e outras pessoas.”
O estudo, Wasting no Opportunity – The Case for Managing Brazil’s Electronic Waste (“Não joguemos a oportunidade fora – Evidências para um gerenciamento correto do lixo eletrônico brasileiro”, em uma tradução livre), faz mais do que analisar os riscos de impactos ambientais futuros. Também mostra o quanto o tema é, ao mesmo tempo, estratégico e delicado para a indústria nacional.
Coleta e processamento
O assunto é relevante porque a produção de lixo eletrônico (e-waste) no Brasil deve aumentar para 8kg/habitante/ano em 2015, ante os atuais 6,5kg/habitante/ano. “Eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as explorações de petróleo na camada do pré-sal vão aumentar ainda mais a demanda por tudo que é eletrônico”, analisa Scartezini.
Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostra que o Brasil, ao lado de México e Senegal, já “gera mais lixo eletrônico per capita com computadores pessoais do que os outros países pesquisados”.
Além disso, o tema importa porque o gerenciamento correto do e-waste pode criar uma série de empregos verdes no país, segundo o estudo. “O Brasil deve se concentrar na coleta e no processamento inicial do lixo eletrônico, incluindo a separação e a desmontagem (...); essas atividades geram o melhor retorno sobre o investimento em termos de criação de empregos e impacto ambiental”, dizem os autores.
Encontrar maneiras sustentáveis de manejar esses resíduos também é necessário porque o Brasil tem a meta de fechar todos os lixões a céu aberto ainda nesta década.