O pedreiro Jorge Sinésio de Almeida, 52 anos, tem más lembranças das viagens de ônibus que fez de São Paulo até a cidade natal, na Paraíba. “É um trajeto de três dias em estradas horríveis. Os passageiros sempre correm o risco de assaltos.”
Atualmente, ele conta os dias para a primeira viagem que fará de avião, em dezembro. “Quero embarcar logo. Vão ser só três horas de viagem”, ele conta. “Acho que não vou ter medo. Todos os meus amigos gostaram.”
Pelo nível de renda, Almeida se enquadra na nova classe média brasileira, segundo um novo relatório do Banco Mundial. O estudo define classe média como a parcela da população que ganha entre US$ 10 e US$ 50 por pessoa (entre R$ 20 e R$ 102) ao dia.
Explosão do consumo
A classe média representava 15% da população brasileira no começo dos anos 1980 e, agora, soma quase um terço dos 190 milhões de habitantes.
Ela cresceu graças ao bom desempenho econômico do Brasil nos últimos anos, às políticas de redução da pobreza, às novas oportunidades de trabalho para as mulheres e à melhor formação dos trabalhadores.
Entre outros temas, o estudo analisa a explosão do consumo no país, um fenômeno gerado pelo aumento do poder de compra dos brasileiros. Essa é uma tendência que deve se manter nos próximos anos, diz o relatório. “Comprar qualquer coisa – uma TV, um carro – ficou mais fácil porque há mais crédito na praça”, confirma Almeida.
As passagens de avião, por exemplo, estão entre os itens preferidos de quem ascendeu à classe média. Entre julho de 2011 e o mesmo mês em 2012, 9,5 milhões de brasileiros voaram pela primeira vez, segundo o instituto Data Popular, de São Paulo.
O bom momento do consumo, porém, esconde um risco: o de que as famílias brasileiras estejam economizando pouco. A longo prazo, se a economia do país desacelerar, essas pessoas podem tornar-se excessivamente endividadas e vulneráveis, segundo o relatório.