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REPORTAGEM

Quilombolas lutam para vencer a pobreza e o isolamento

24 de outubro de 2012


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Integrantes de uma comunidade quilombola na Bahia beneficiam a mandioca plantada na região.

Governo da Bahia / Divulgação.

DESTAQUES DO ARTIGO
  • Um projeto do Banco Mundial busca melhorar as vidas de 15.750 famílias afro-brasileiras no Nordeste.
  • Até agora, a iniciativa ajudou a fundar 52 associações quilombolas na Bahia, no Ceará e em Pernambuco.
  • Em breve, essas comunidades também estarão conectadas online ao resto do mundo.

A comunidade quilombola (formada por descendentes de escravos fugidos) de Ilha de Porto do Campo é um ponto pequenino e isolado no mapa da Bahia. “Lidamos com os mesmos problemas de saúde, educação e moradia encontrados em outras partes do Brasil. Não temos hospitais e há apenas uma escola de ensino fundamental”, diz o líder voluntário José Ramos.

Ainda assim, ele e os outros 300 habitantes de Porto do Campo têm razões para estarem esperançosos. Um projeto do Banco Mundial e do Japan Trust Fund, “Oportunidades Iguais para as Comunidades Quilombolas do Nordeste do Brasil (i)”, permitirá a eles lutar por melhores políticas públicas. A iniciativa busca elevar o nível de vida de 15.750 famílias em três estados: Bahia, Ceará e Pernambuco.

Três anos depois do início do projeto, há um resultado importante: comunidades já estão aptas a criar seus próprios projetos de agricultura e artesanato, captar recursos e buscar assistência técnica na implementação. Tudo isso foi possível por meio de cursos e seminários que ajudaram a formar e fortalecer as lideranças locais.

Menos vulneráveis

Além disso, os novos líderes agora conseguem assegurar o direito de uso das próprias terras. “É muito importante que essas comunidades formem associações. Quando os territórios quilombolas são reconhecidos como tais, a titulação da terra é dada não a uma pessoa, mas à associação”, explica Alexandro Reis, diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro na Fundação Palmares (ligada ao Ministério da Cultura).

“Assim, essas pessoas conseguem acesso mais fácil a crédito e a aposentadoria por trabalho rural. E ainda tornam-se menos vulneráveis a interesses políticos.”

Até o momento, o projeto permitiu a fundação de 25 associações quilombolas na Bahia, bem como a consolidação de 50. Em Pernambuco e Ceará, respectivamente, foram criadas 11 e 16 instituições desse tipo.


" A internet daria aos quilombolas acesso a múltiplas fontes de informação  "

Alberto Costa

Especialista em salvaguardas sociais, Banco Mundial

Mais conectados

O governo brasileiro estima que existam aproximadamente 3 mil comunidades quilombolas no Brasil, com 300 mil famílias.

Um dos principais desafios para essas populações é vencer o isolamento. “Foram feitas consultas com os quilombolas durante a fase de estruturação do projeto e eles sempre se referiam à internet como uma ferramenta fundamental. A web daria às comunidades acesso a múltiplas fontes de informação”, comenta o especialista em salvaguardas sociais Alberto Costa, do Banco Mundial.

O projeto inclui a construção de 15 centros multiuso conectados à internet nos três estados (um já está em funcionamento no Ceará). Enquanto os demais são construídos, as gerências locais do projeto buscam encontrar serviços de internet capazes de alcançar as comunidades.

“Estamos tentando formar parcerias com operadoras de celular para conectar lugares onde não existam provedores de internet”, conta Maria José Monteiro, coordenadora do projeto no governo de Pernambuco. O mesmo está sendo feito na Bahia, segundo Antônio Silva, gerente do projeto no estado.

Tais parcerias seriam uma solução viável para comunidades como Porto do Campo, onde apenas alguns jovens têm acesso à rede usando modems de celular. “Há linhas telefônicas na cidade, mas os índices de acesso à internet ainda são baixos. Se pudéssemos mudar isso, seria ótimo”, diz José Ramos.


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