A crise provocada pela COVID-19 gerou a maior contração económica alguma vez registada em Cabo Verde - 14,8% em 2020, a segunda maior na África Subsariana - e expôs as vulnerabilidades económicas do país. No entanto, Cabo Verde dá sinais de estar a recuperar, ainda que gradualmente. De acordo com o segundo Cabo Verde Economic Update, o Produto Interno Bruto (PIB) real cresceu 7% em 2021.
Essa recuperação, verificada durante o segundo semestre de 2021, deve-se a uma campanha de vacinação eficiente, que fez com que o país ocupasse a quarta melhor taxa de vacinação da África Subsariana, com 108,85 doses por 100 pessoas. A pobreza reduziu ligeiramente, tanto a nível urbano como rural. Nas áreas rurais, com a retoma do crescimento na agricultura e pesca, a pobreza reduziu 3 pontos percentuais, de 45% em 2020. A pobreza urbana também diminuiu 2 pontos percentuais, passando a representar 28% em 2021, indicador que reflete a recuperação dos serviços (particularmente o comércio), transportes e serviços públicos.
No entanto, o relatório “Cabo Verde Economic Update 2022” realça que, devido à crise provocada pela COVID-19, a dívida pública, que estava numa trajetória decrescente desde 2017, aumentou de forma acentuada para 155,3% do PIB em 2021. O país recorreu a novos empréstimos externos concessionais e à emissão de títulos do Tesouro para cobrir necessidades de financiamento fiscal, fazendo com que ganhos arduamente conquistados na redução da dívida pública fossem anulados. Para alcançar dinâmicas sustentáveis da dívida, é fundamental implementar políticas prudentes de endividamento e uma gestão reforçada da dívida, assim como medidas para melhorar o funcionamento do mercado de títulos públicos.
Perante este cenário, a reactivação do sector do turismo, impulsionada por uma das mais altas taxas de vacinação em África, fez prever que uma forte recuperação económica pós-COVID-19 se pudesse materializar em 2022. Porém, as previsões de crescimento no curto-prazo foram reduzidas e prevê-se um crescimento real do PIB em 4% em 2022, condicionado pelas repercussões adversas inflacionistas da guerra na Ucrânia. Embora se espere que o PIB aumente gradualmente a partir de 2022, convém salientar que esta perspetiva está dependente de riscos descendentes derivados de novas variantes da COVID-19, do desenrolar da guerra na Ucrânia e de choques climáticos.