Para saber onde condutores, passageiros e pedestres correm mais risco, basta olhar os seguintes pontos no mapa-múndi: as grandes cidades, os países emergentes e a África. Esses são os novos focos dos principais especialistas em segurança viária no mundo, preocupados em diminuir o número de mortes, 1,25 milhão ao ano, e pessoas feridas, entre 30 e 50 milhões.
“São tragédias perfeitamente evitáveis”, alertou a diretora global da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, esta semana, durante uma conferência mundial sobre o tema em Brasília. “A epidemia de acidentes de trânsito foi criada pela humanidade, e só ela pode resolvê-la”, defendeu uma das netas de Nelson Mandela, Zoleka, que tornou-se embaixadora para a causa após perder uma filha em 2010.
Nada menos do que 90% dos desastres ocorrem em países em desenvolvimento, como os da América Latina e Caribe. Então, para o mundo cumprir a meta global da ONU de reduzir pela metade as mortes até 2020, é de fato necessário dar mais atenção às regiões que mais lutam contra a extrema pobreza.
O ponto de partida está nas grandes cidades porque, em primeiro lugar, elas já respondem por metade das mortes em acidentes viários. Além disso, em 2050, haverá mais 2,5 bilhões de pessoas vivendo nos centros urbanos de todo o mundo. E na América Latina, que já conta com 80% de população urbana, terá 90% no mesmo ano.
A solução passa não só por melhorar os controles de velocidade, tráfego ou álcool e direção. Também é preciso pensar em planejamento urbano de forma a minimizar a necessidade de transporte individual.
“Investir mais em ônibus, trens, etc. por si só vai reduzir os acidentes tremendamente porque esses meios de transporte são muito mais seguros. Também é preciso planejar calçadas adequadas e locais de trabalho que não sejam muito distantes das zonas residenciais, por exemplo”, explica o diretor de transportes e tecnologia da informação do Banco Mundial, Pierre Guislain.