Pode parecer estranho, mas em pleno século XXI apenas 18 países não têm restrições legais que impeçam a mulher de alcançar seu potencial econômico. Três desses país estão na América Latina e Caribe: México, Peru e República Dominicana.
Apesar de a região ter registrado progresso na introdução de leis contra a violência de gênero, ainda há muitas barreiras para as mulheres em relação às oportunidades econômicas, segundo um novo estudo do Banco Mundial.
Na Bolívia, por exemplo, as mulheres casadas não podem trabalhar sem ter a permissão de seus maridos. Em 16 economias da região, as mulheres não têm acesso aos mesmos trabalhos que os homens; em Honduras e na Colômbia, as trabalhadoras não podem ter empregos considerados perigosos, e, em Belize, as mulheres não podem trabalhar em fábricas à noite ou manipular mercadorias em um porto.
Mas também há melhoras: a Jamaica suprimiu uma lei, com mais de 70 anos de vigência, que impedia as mulheres de trabalhar à noite.
“Há muitas restrições de emprego para as mulheres [no mundo], algumas bastante interessantes. Acho que, em parte, a razão por trás delas é o desejo de proteger as mulheres, mas o que sugerimos é vê-las a partir da perspectiva de uma mulher”, diz Sarah Iqbal, autora do relatório Mulheres, Empresas e o Direito 2016, do Banco Mundial.
Esse estudo analisa as diferenças legais de gênero em 173 economias, em sete áreas: o acesso às instituições de ensino, o uso da propriedade, a obtenção de emprego, os incentivos ao trabalho, a capacidade de gerar um histórico creditício, o acesso à Justiça e a proteção da mulher contra a violência.
A especialista menciona que na França, por exemplo, existe uma restrição para as mulheres em relação ao que podem carregar: não mais de 25 quilos, o que as impede de serem motoristas de UPS e Fedex ou de trabalharem nos correios. “Esse é o peso médio de uma criança de cinco anos. E qualquer mãe dirá que carregar seu filho (pequeno) é algo que faz todos os dias”, afirma Iqbal.