Em 2005, quando uma seca afetou a Amazônia, diversos rios secaram e pelo menos 20 municípios declararam estado de emergência. À época, 70 milhões de hectares de árvores (i) foram afetados.
O pior: as árvores não haviam se recuperado ainda quando uma segunda seca – mais grave do que a primeira – atingiu a floresta em 2010.
A intensidade e a frequência de secas como essas (e de tempestades na Amazônia também) podem aumentar ainda neste século, segundo o estudo Turn Down the Heat – Why a 4ºC Warmer World Must be Avoided, do Banco Mundial.
O relatório (Diminuindo o Calor – Por que um Mundo 4º mais Quente Precisa ser Evitado, numa tradução livre) mostra que o planeta já está 0,8ºC mais quente do que nos tempos pré-industriais. O estudo ainda alerta que, com as atuais emissões de gases causadores de efeito estufa, o aquecimento global pode chegar a 4ºC antes de 2100.
Grande impacto
Entre as consequências, estão o aumento do nível dos oceanos e a ocorrência de temperaturas extremas em todo o mundo.
“O impacto na Amazônia seria enorme,” diz Erick Fernandes, consultor do Banco Mundial nas áreas de mudanças climáticas e gerenciamento de recursos naturais. “As secas de 2005 e 2010 provam que a floresta não se recupera facilmente desse tipo de evento”, acrescenta ele, que é um dos autores do relatório.
Apenas com um aquecimento global de 1,5ºC ou 2ºC (acima dos níveis pré-industriais), os incêndios florestais já poderiam dobrar até 2050. Em um mundo 4ºC mais quente, os danos seriam ainda maiores – principalmente no Pará, em Rondônia e em Mato Grosso, os estados mais afetados pelo desmatamento.
“Se os incêndios se tornarem mais frequentes devido às mudanças climáticas, a biodiversidade (e) da Amazônia também correrá perigo”, diz Fernandes.
Calcula-se que, em todo o mundo, entre 20% e 30% das espécies conhecidas entrarão em risco de extinção caso a temperatura do planeta aumente de 2ºC a 3ºC.